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Primeira infância em Moçambique, constatações e desafiosSeguindo uma análise relacional dialógica, o“Eu” do ser humano é entendido como entidade psico--socio-histórica e o sentido da vida é construído nointercâmbio entre as dimensões “bio-psico-social” decada ser, sendo a relação criança/cuidador aquela quetem o sentido primordial na construção do “Eu”. Assim,quando é rejeitada uma criança que nasce com deficiência,de forma consciente e programada ou de formainconsciente por o cuidador não saber pegar, alimentarou comunicar com a criança, o seu “eu” começa desdelogo uma autoconstrução condicionada por essa vivência(Leal, 1999). Assim, se o “Eu” se define na interacçãocom o “Outro” podemos acreditar que a oportunidade deinteracções diversas com interlocutores diferenciados podeproporcionar novos modelos de referência à criança, mastambém aos cuidadores.Este pressuposto valoriza o potencial de uma terapia,reabilitação ou ensino. Acreditar no potencial de uma criançacom deficiência pode ser determinante para a qualidade dassuas interacções, construção do seu “Eu”, atitude dos seuscuidadores e em última análise dos contextos e da sociedade.Moçambique, além do empenho que entregou na ratificaçãoda Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiênciae no desenho de medidas para a implementar com a criaçãode políticas nacionais de protecção da pessoa com deficiência,pode ver o sucesso dessas políticas maximizado se valorizar opressuposto da importância da comunicação e da interacção relacionalcomo forma de construir mudança efectiva, no seio dascomunidades, nos cuidadores destas pessoas e nas relações queestabelecem entre si.Esta análise conjugada com pressupostos sistémicos, vemreforçar a importância do contexto social no desenvolvimento doindivíduo, mas também a importância das emoções e seus significadosna regulação da vida emocional, presente no começo da vidainterior da relação mãe-criança, que assegura a primeira estruturaçãoda mente, o “EU” (Rio, 2001).De uma forma geral na cultura moçambicana encontramos umasociedade de imagem patriarcal com funcionamento matriarcal. Estaresponsabilização feminina tem raízes precoces, pela incumbência decuidar dos irmãos mais novos e das tarefas domésticas. São as mães,“mamãs” que carregam gerações às costas, enquanto cuidam da machamba(horta), do espaço habitacional e de alguma outra ocupaçãoque possa gerar rendimento. As crianças são cuidadas perto das mães.77

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