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38D> LU><br />

como tantas outras, a leviandade e falta de conhecimento com que procedia<br />

aquelle escriptor: circumstancias que o tornam pouco digno de credito, nSo podendo<br />

alguém confiar-se em suas improvisadas asseverações. '<br />

Voltando a Fr. Luis de Sousa, cumpre antes de fechar este artigo expor as<br />

opiniões dos nossos criticos-philologos acerca do seu mérito. A dos melhores<br />

concorda em collocal-o na plana dos primeiros e mais distinctos mestres da<br />

lingua materna. D'ella parece apenas desviar-se o P. Antônio Pereira de Figueiredo,<br />

quando na serie dos nossos auctores clássicos, tal como elle a concebia,<br />

poz o nome de Fr. Luis de Sousa no vigésimo logar. Creio porém que o sábio<br />

oratoriano ficou df esta vez só no seu dictame; e que ninguém deixará de clamar<br />

contra o capricho que tentou rebaixar até aquelle grau quem tantas vantagens<br />

leva á maior parte dos que, com manifesta injustiça, se lhe pretendem<br />

antepor: Vejamos pois como se expressa a este respeito a critica imparcial, pelai<br />

boca de outros juizes não menos auctorisados.<br />

Seja o primeiro Pedro José da Fonseca. Diz este no já mencionado Catalogo<br />

dos auctores, collocado á frente do Diccionario da Academia, pag. CLXXXV, a<br />

propósito de Fr. Luis de Sousa:<br />

«Os seus escriptos formam, o melhor panegyrico da sua eloqüência, e da<br />

suavidade, policia, copia e pureza do seu estylo. Os elogios que se lhe tem dado<br />

a este-respeito são na realidade os mais subidos, mas quando com a affluencia<br />

da sua phrase e amenidade do seu dizer se confrontam, parecem todos ou fracos,<br />

ou diminutos. Que variedade de elocução, que riqueza d'expressões, que<br />

novidade e força em metaphoras, que viveza no descrever, que alma, que energia,<br />

que fogo se não vê brilhar em tudo quanto sahe de sua esclarecida penna!<br />

Instruindo, deleitando, e commovendo sempre os leitores, sejam os factos quaes<br />

forem, grandes ou pequenos, nunca n'elles as miúdas circumstancias molestam<br />

por inúteis, nem faltafn jamais as ajustadas proporções que melhor lhes convém.<br />

Assim tudo na sua exposição recrêa, interessa, e faz tão profundas impressões<br />

no animo, que nunca este pôde separar-se da vista d esta magnifica<br />

galeria (digamol-o assim) de seguidos painéis, todos bellos, todos originaes, sem<br />

repugnância e constrangimento da vontade. N'esta conta devem ter-se as obras<br />

do facundo e elegantíssimo Fr. Luis de Sousa.»<br />

Seja o segundo Franciábo Freire de Carvalho, a pag. 155 do Ensaio sobre<br />

Historia Litt. de Portugal. Eis as suas palavras: «As primeiras obras históricas<br />

de Fr. Luis de Sousa, com quanto se não façam grandemente recomniendaveis<br />

para o vulgo dos leitores pela importância dos assumptos que n'ellas se tractam,<br />

todavia pelas qualidades do seu estylo grave, elegante e sentencioso, breve e simultaneamente<br />

claro; e pela linguagem natural, corrente e cortezã, na qual"usa<br />

de termos próprios, significativos, e eííicazes, e longe de enfeites e artifícios viciosos,<br />

são de todos os livros escriptos em portuguez aquelles em que ao commum<br />

parecer dos doutos se descobre mais policia e perfeição: e é por isso também<br />

que não deverá parecer opinião destituída de bom critério e golto a que<br />

propuzer as obras de Fr. Luis de Sousa como um dos mais perfeitos modellos<br />

de bem historiai* em portuguez, ou já se attenda á viveza das descripções, e mágica-<br />

dos affectos, ou já ás graças e polimento da expressão.»<br />

Irá em terceiro logar o voto do P. Francisco José Freire, que nas suas Reflexões<br />

sobre a Lingua portugueza, parte 1.", o exprime n'estes termos: «Fr.<br />

Luis de Sousa não cede a nenhum outro clássico em pontos de pureza de linguagem<br />

e energia de expressões. Tirou toda a esperança de ser imitado n'aquelle<br />

puro, vario e naturalissimo estylo com que escreveu a chronica dominicana, e<br />

a vida do arcebispo de Braga, etc »<br />

Não transcreverei o que ao intento diz por todos o bispo de Viseu, porque<br />

tenho que seria um erro indesculpável o de apresentar aqui em períodos truncados,<br />

e mal serzidos aquillo que só no próprio original é mister se léa para o<br />

apreciai* corno convém. Os que não a tiverem visto, recorram á Memória citada<br />

(Obras de D. F. A. Lobo, tomo ri), e de pag. 144 a 169 acharão, uma assás des-;

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