Baixar - Brasiliana USP

418 MA
não haja vicios nos escriptos d'este auctor, que de alguns erros se fez defensor
ou padrinho».
Advertirei também aos que o não souberem, que a descripção de Portugal
conteúda no tomo m da Europa, e pouco mais ou menos reproduzida do Epitome,
é taxada de pouco exacta no livro que Fr. Manuel de Figueiredo, cisterciense,
imprimiu com o mesmo titulo: Descripção de Portugal (vej. no Diccionario
o artigo competente). Ahi se apontam e corrigem numerosos erros, faltas,
e inexactidões em que Faria incorreu n'esta parte.
E comtudo, cumpre confessar que apezar d'esses e de outros defeitos, a
Europa é a obra de historia portugueza que os estrangeiro^ mais conhecem e
apreciam; para o que não concorre pouco, a meu ver, a circunstancia de estar
escripta no idioma castelhano, sendo-lhes por isso de mais fácil intelligencia. 1
E para comprovar esse apreço bastará saber, que John Adamson deu por um
exemplar que possuía 7 £ st.; ao passo que em Lisboa não me consta que algum
fosse vendido por quantia excedente de 3:600 até 4:000 réis. r.
507) África portuguesa. Tomo único. Lisboa, por Antônio Craesbeeelijde-
Mello 1681. Foi. de vi-207 pag. e mais 11 innumeradas, contendo o indice das
matérias.—N'este volume se comprehende a historia desde as conquistas de
D. João i até o anno de 1562.
O preço dos exemplares tem sido, creio, de 800 a 1:200 réis.
Tractando de Faria como historiador, diz o M. de Alegrete na Hist. da
Acad. Real: «Dotado de erudição vasta, mais discreto do que agradável, e
mais erudito do que eloqüente, o seu estylo enfastia a muitos. Alguns reparam
em que siga opiniões menos prováveis do que pede a verdade da historia. Se
agrada a liberdade do seu discurso, também não falta quem a julgue maledicencia».
Talvez é algum tanto differente o conceito que d'elle apresenta José Agostinho
de Macedo, muito seu apaixonado, no Motim Litterario, tomo i, a pag.
228: «A casa de Bragança deve (diz elle) grandes serviços a Manuel de Faria,
e a pátria uma honrada memória, e saudade eterna. Nunca dissimulou a verdade,
e foi jurado inimigo da lisonja: mas ainda que, talvez por falar de longe,
não deixou de notar os vicios em quem os teve, também é farto em louvores
dos que nem tantos mereciam. É agudo como Tácito, enfeitado como Quinto
Curcio, fez uma mtxturada que não enjoa, se com effeito pôde agradar muito
a um portuguez da gemma como eu, o que está escripto em castelhano! Etc.»
508) (C) Rimas varias de Luis de Camoens, príncipe de los poetas heróicos
y lyricos de Espana, comentadas. Tomos i e II que contienen Ia l. a , 2." y 3." centúrias
de los sonetos. Lisboa, por Theotonio Damaso de Mello 1685. Foi.
Tomos m, iv e v, que contienen: ei tomo in Ias canciones, Ias odes y Ias sentinas;
ei tomo iv Ias elegias y octavas; y ei tomo v Ias primeras ocho egkgas.
Lisboa, na Imp. Craesbeeckiana 1689. Foi.
O resto d estes Commentarios não chegou a imprimir-se; e o manuscripto
original existia no século passado na livraria do convento da Graça de Lisboa,
Veja-se no presente volume a pag. 248, o n.° 39.
Antes de fechar o presente artigo, cumpre observar que o sr. Conde de
Raczynski no seu Dictionnaire Hist. et Art. du Portugal, a pag. 84, cahiu em
notável equivocação, suppondo que no anno de 1779 se fizera, como diz, uma
edição completa das obras de Faria e Sousa; houve provavelmente confusío
com a edição das Obras de Camões, que n'esse anno imprimiu o P. Thomás José
de Aquino, em cujos prefácios, annotações, etc. se allude tantas vezes a Faria
e aos seus Commentarios e escriptos acerca do poeta.
MANUEL FELICÍSSIMO LOUSADA DE ARAÚJO DE AZE­
VEDO, Bacharel formado em Leis pela Universidade de Coimbra no anno de
1818. Tendo entrado na carreira da magistratura, e servido logares de primeira
intrancia, foi em 1827 nomeado Desembargador dá Relação de Goa, cujo exer-,
cicio desempenhou até á extincção d'aquelle tribunal em 1834. Voltando para p