EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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Um entrevistado coloca ainda uma reflexão importante neste contexto:<br />
“tenho um vínculo de confiança com os adolescentes, é percebido muitas<br />
coisas <strong>em</strong> relação a esses educandos, porém <strong>em</strong> algum momento esse<br />
vínculo é quebrado devido às normas da instituição <strong>em</strong> relação às medidas<br />
a ser<strong>em</strong> aplicadas e aos dados que precisam ser repassados ao juiz.”<br />
Portanto, o profissional que lida com um adolescente autor de atos infracionais<br />
cuja trajetória é, muitas vezes, marcada pela desconfiança e dificuldade <strong>em</strong> construir laços<br />
afetivos, t<strong>em</strong> o desafio de construir um vínculo que seja propulsor de mudanças, ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se vê na condição de supervisor e avaliador do processo do adolescente. Essa<br />
reflexão aponta ainda para o cuidado que se deve ter na troca de informações entre os<br />
profissionais envolvidos para que não sejam reforçados no adolescente sentimentos de<br />
insegurança e comportamentos dissimulados.<br />
2) Vínculo marcado pela agressão: dois entrevistados relataram ter sofrido<br />
agressão verbal por parte dos adolescentes e um comentou ter presenciado uma cena dirigida<br />
a outro educador, ficando bastante assustado. Entretanto, nenhum entrevistado relatou ter<br />
sofrido algum tipo de agressão física.<br />
“Já fui agredido verbalmente, o que é normal. Antes isso me afetava, hoje<br />
não.”<br />
“Já vivi experiências de agressão verbal...”<br />
Muitos adolescentes tornam-se conhecidos pela infração que cometeram e,<br />
estigmatizados socialmente, passam de instituição a instituição sendo reconhecidos como<br />
“aquele que roubou”, “aquele que estuprou”. Essa categorização é usada <strong>em</strong> algumas<br />
situações para benefício próprio, como uma proteção, <strong>em</strong> uma valorização das ações mais<br />
perversas. Um educador adota a postura de não fazer diferenciação no tratamento do<br />
adolescente pelo ato cometido, e relata:<br />
"eu digo a eles: „não quero saber o que você fez, não me interessa, só o que<br />
v<strong>em</strong> pela frente‟. Não acho positivo trazer o que ele já fez."