EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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abrangente, perceber sua condição de sujeito social, histórico e cultural, seus processos<br />
complexos e constitutivos.<br />
Valendo-se desse pensamento, Schapira et al (2007) comenta que o estudo das<br />
representações sociais é de grande importância para compreender a construção, estruturação e<br />
a dinâmica dos subgrupos sociais aos quais pertenc<strong>em</strong> os clientes da Musicoterapia.<br />
Barcellos e Santos (1996) mostram ainda como a cultura se estabelece como uma<br />
articulação, uma trama de representações sociais:<br />
a influência da cultura, do social se faz sentir, não só no compositor, mas<br />
também na forma de cada ouvinte, ou mesmo executante, decodificar ou<br />
atribuir sentidos à música (...) Não se pode deixar de considerar o contexto<br />
social <strong>em</strong> que se desenvolv<strong>em</strong> as vivências humanas e n<strong>em</strong> pretender<br />
caracterizá-las como únicas e puramente individuais. (...) A cultura<br />
condiciona as relações de cada indivíduo com a natureza e com os outros<br />
homens, não se podendo, a rigor, falar, por ex<strong>em</strong>plo, de uma apreensão da<br />
música puramente pessoal, mas s<strong>em</strong>pre de uma imbricação entre o<br />
biográfico e o social. O indivíduo escuta com o ouvido de sua cultura, de sua<br />
época (p.14-16).<br />
Então, diferent<strong>em</strong>ente de um modelo reducionista que, orientado <strong>em</strong> uma única<br />
direção, enfoca o aspecto biológico, categorizando o cliente a uma patologia e<br />
desconsiderando o contexto <strong>em</strong> que ele está inserido, um modelo pautado na complexidade e<br />
que transita entre os âmbitos individuais e sociais, assim como propõ<strong>em</strong> as Teorias das<br />
representações sociais, pauta-se na concepção de que os transtornos individuais estão<br />
intimamente vinculados às configurações subjetivas sociais. Assim, entender essas<br />
configurações e a musicalidade que <strong>em</strong>ana destas abre novos caminhos para o tratamento<br />
musicoterapêutico desses transtornos.<br />
Sendo a música ferramenta chave do processo musicoterapêutico, um el<strong>em</strong>ento<br />
constitutivo da sociedade capaz de evidenciar representações sociais, observa-se que a<br />
Musicoterapia pode facilitar mudanças nas representações do cliente ou do grupo atendido.<br />
Assim, as experiências musicais musicoterapêuticas favorec<strong>em</strong> a percepção das<br />
representações sociais vigentes e, como b<strong>em</strong> salienta Clímaco (1998), pela dinamicidade da<br />
música, há a possibilidade de constituir o novo, lançar possibilidades de novas estruturas,<br />
ressignificar. Desta forma, a Musicoterapia torna-se um campo do representacional, isto é, há<br />
um desvelamento das representações sociais sobre fazeres musicais, <strong>em</strong> que a música se