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EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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Portanto, percebe-se que este tipo de representação não está restrito a uma<br />

maneira individual de pensar porque, contrariamente, o que se pensa depende das<br />

representações de outros indivíduos (MOSCOVICI, 2009).<br />

Quando se t<strong>em</strong> a ideia de que um adolescente que cometeu um homicídio possui<br />

uma má índole e precisa sofrer pelo que fez, essa é uma representação transmitida, é o<br />

produto de uma sequência de elaborações e mudanças que ocorreram no decurso do t<strong>em</strong>po,<br />

resultado de sucessivas gerações. As representações sociais, portanto, não são criadas por um<br />

indivíduo isoladamente. Elaboradas socialmente, elas dão sentido ao mundo, fazendo-o<br />

compreensível e possibilitando interpretar, pensar e agir sobre a realidade.<br />

Jodelet (2001 apud DOTTA, 2006) explica que as representações são criadas pela<br />

necessidade das pessoas de estar<strong>em</strong> informadas sobre o mundo que as cerca, ou seja, as<br />

pessoas precisam se ajustar, saber como se comportar, dominar física e intelectualmente o<br />

mundo, além de identificar e resolver probl<strong>em</strong>as que se apresentam nele, para assim não se<br />

sentir<strong>em</strong> ignorantes.<br />

De acordo com Moscovici (2009), as representações d<strong>em</strong>andam um constante<br />

processo de tornar familiar algo não-familiar, isto é, tornar comum e real algo que é incomum,<br />

através de uma série de ajustamentos. Aquilo que é estranho ao indivíduo pode provocar<br />

medo e tensão por sinalizar a perda dos marcos referenciais, a ruptura do contato com aquilo<br />

que propicia sentido de continuidade; por isso<br />

o ato da re-apresentação é um meio de transferir o que nos pertuba, o que<br />

ameaça nosso universo, do exterior para o interior, do longínquo para o<br />

próximo. A transferência é efetivada pela separação de conceitos e<br />

percepções normalmente interligados e pela sua colocação <strong>em</strong> um contexto<br />

onde o incomum se torna comum, onde o desconhecido pode ser incluído <strong>em</strong><br />

uma categoria conhecida (ibid., p. 56-57).<br />

Muitas vezes, as representações pod<strong>em</strong> apresentar um caráter contraditório, já que<br />

se configuram como interesses de grupos que lutam para dar à realidade o sentido resultante<br />

de sua própria leitura de mundo. Para Chartier (1990), as representações são entendidas como<br />

classificações que organizam a apreensão do mundo social como categorias de percepção do<br />

real. Variáveis segundo as disposições dos grupos ou classes sociais, elas aspiram à<br />

universalidade, apesar de s<strong>em</strong>pre ser<strong>em</strong> determinadas pelos interesses dos grupos que as<br />

forjam, ou seja, poder e dominação estão s<strong>em</strong>pre presentes.

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