03.09.2014 Views

EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

157<br />

me capacitasse a realizar uma leitura e análise musicoterapêuticas acertadas. Isto é, a<br />

compreensão da musicoterapia enquanto complexo arte-ciência.<br />

De tal modo, as experiências musicoterapêuticas com função didática, que<br />

permitiram a mim, estudante, experimentar e vivenciar a Musicoterapia autenticamente como<br />

cliente, coordenadas pelas professoras do curso, tiveram importante valor <strong>em</strong> minha<br />

formação. L<strong>em</strong>bro-me de determinada experiência <strong>em</strong> que fui conduzida pela música a criar<br />

diferentes movimentos corporais, e inicialmente um forte estranhamento me ocorreu. Então, a<br />

troca de olhares cheios de censura e crítica com outros colegas pareciam me fortalecer na<br />

evitação do contato com a música. Porém, depois de um breve t<strong>em</strong>po, vi-me completamente<br />

envolvida com a proposta, junto aos meus colegas; invadida pela música, eu fluía com ela.<br />

Despertei, por essa e tantas outras experiências, para a capacidade da música de mobilizar <strong>em</strong><br />

diferentes sentidos, provocando reações não somente cognitivas, mas também corporais,<br />

psico-<strong>em</strong>ocionais e transpessoais.<br />

Comecei a relacionar cada vez mais a música como forma de promoção de saúde.<br />

As experiências de estágio e a prática clínica, depois de formada, colocaram-me <strong>em</strong> contato<br />

com diferentes realidades, e fizeram-me lidar melhor com as diferenças, com os excluídos,<br />

com aqueles que precisavam de ajuda e já haviam esgotado suas esperanças <strong>em</strong> outras fontes.<br />

Conforme descreve Barcellos (2004b, p.47), “na prática clínica estão o paciente, o<br />

terapeuta e a música, num espaço que pod<strong>em</strong>os chamar de „sagrado‟ e a dinâmica da relação<br />

ou do encontro destes”. A autora esclarece que “o paciente traz consigo seu mundo, suas<br />

necessidades, seus conflitos e desejos, enfim, seus conteúdos internos” e “o musicoterapeuta<br />

está nesse espaço para acolher o paciente e seu mundo. Para interagir com ele, para fazer<br />

intervenções – o que se constitui como importante instrumento de mudanças –, e para ser o<br />

continente ou o continente sonoro de toda a expressão do paciente”.<br />

Assim, ao entrar no mundo das crianças autistas, <strong>em</strong> minha primeira experiência<br />

de estágio, deparei-me com a falta de contato visual, estereótipos, auto e heteroagressão. “Que<br />

mundo é esse?” eu me perguntava a cada atendimento, ansiosa por resultados. Após<br />

compartilhar dos mesmos sentimentos dos familiares dessas crianças, que se queixavam da<br />

enorme dificuldade de se relacionar<strong>em</strong> com elas, e me sentir, <strong>em</strong> algumas situações no setting,<br />

como um objeto do qual a criança se aproximava apenas para sentar-se e cujo olhar parecia<br />

me atravessar, tive que repensar meu instrumento de trabalho, confiar no poder terapêutico da<br />

música e passei a acolher essas crianças, independe de uma ação recíproca. Então, o trabalho

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!