EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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me capacitasse a realizar uma leitura e análise musicoterapêuticas acertadas. Isto é, a<br />
compreensão da musicoterapia enquanto complexo arte-ciência.<br />
De tal modo, as experiências musicoterapêuticas com função didática, que<br />
permitiram a mim, estudante, experimentar e vivenciar a Musicoterapia autenticamente como<br />
cliente, coordenadas pelas professoras do curso, tiveram importante valor <strong>em</strong> minha<br />
formação. L<strong>em</strong>bro-me de determinada experiência <strong>em</strong> que fui conduzida pela música a criar<br />
diferentes movimentos corporais, e inicialmente um forte estranhamento me ocorreu. Então, a<br />
troca de olhares cheios de censura e crítica com outros colegas pareciam me fortalecer na<br />
evitação do contato com a música. Porém, depois de um breve t<strong>em</strong>po, vi-me completamente<br />
envolvida com a proposta, junto aos meus colegas; invadida pela música, eu fluía com ela.<br />
Despertei, por essa e tantas outras experiências, para a capacidade da música de mobilizar <strong>em</strong><br />
diferentes sentidos, provocando reações não somente cognitivas, mas também corporais,<br />
psico-<strong>em</strong>ocionais e transpessoais.<br />
Comecei a relacionar cada vez mais a música como forma de promoção de saúde.<br />
As experiências de estágio e a prática clínica, depois de formada, colocaram-me <strong>em</strong> contato<br />
com diferentes realidades, e fizeram-me lidar melhor com as diferenças, com os excluídos,<br />
com aqueles que precisavam de ajuda e já haviam esgotado suas esperanças <strong>em</strong> outras fontes.<br />
Conforme descreve Barcellos (2004b, p.47), “na prática clínica estão o paciente, o<br />
terapeuta e a música, num espaço que pod<strong>em</strong>os chamar de „sagrado‟ e a dinâmica da relação<br />
ou do encontro destes”. A autora esclarece que “o paciente traz consigo seu mundo, suas<br />
necessidades, seus conflitos e desejos, enfim, seus conteúdos internos” e “o musicoterapeuta<br />
está nesse espaço para acolher o paciente e seu mundo. Para interagir com ele, para fazer<br />
intervenções – o que se constitui como importante instrumento de mudanças –, e para ser o<br />
continente ou o continente sonoro de toda a expressão do paciente”.<br />
Assim, ao entrar no mundo das crianças autistas, <strong>em</strong> minha primeira experiência<br />
de estágio, deparei-me com a falta de contato visual, estereótipos, auto e heteroagressão. “Que<br />
mundo é esse?” eu me perguntava a cada atendimento, ansiosa por resultados. Após<br />
compartilhar dos mesmos sentimentos dos familiares dessas crianças, que se queixavam da<br />
enorme dificuldade de se relacionar<strong>em</strong> com elas, e me sentir, <strong>em</strong> algumas situações no setting,<br />
como um objeto do qual a criança se aproximava apenas para sentar-se e cujo olhar parecia<br />
me atravessar, tive que repensar meu instrumento de trabalho, confiar no poder terapêutico da<br />
música e passei a acolher essas crianças, independe de uma ação recíproca. Então, o trabalho