EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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na intensidade e no ritmo da fala, b<strong>em</strong> como variações das inflexões rítmico/sonoras da<br />
mesma), musicais propriamente ditas (sonoras, rítmicas, melódicas, harmônicas) e corporais<br />
(gestos posturas e olhares) (BARCELLOS, 1992).<br />
Assim, conforme caracterizado no segundo gráfico, no decorrer do processo os<br />
participantes sent<strong>em</strong>-se cada vez mais aceitos e engajados, e todos, de alguma forma, afetam e<br />
são afetados. A música, por ser um el<strong>em</strong>ento que acontece no t<strong>em</strong>po, mas não se prende a ele,<br />
agencia esse processo, permitindo a interação e/ou simultaneidade de ações, s<strong>em</strong> grandes<br />
perigos de “invasão” do espaço do outro.<br />
Como afirma Craveiro de Sá (2003), esse campo de forças criado pela música<br />
possibilita um espaço de escuta compartilhada, conduzindo a um complexo mundo de<br />
sensações, percepções e criações. Destinada a vibrar e a fazer vibrar aqueles que dela se<br />
aproximam e a engajá-los <strong>em</strong> um movimento produtivo, a musicoterapia, entrelaçada à<br />
música, enuncia possibilidades de produzir mutações no campo da subjetividade.<br />
As linhas tracejadas do segundo gráfico também retratam a complexidade do<br />
processo grupal, no qual fenômenos como resistência, transferência, projeção, identificação,<br />
regressão, entre outros, não ocorr<strong>em</strong> apenas <strong>em</strong> direção ao musicoterapeuta, mas a qualquer<br />
m<strong>em</strong>bro do grupo, constituindo uma trama rica de conteúdos intra e interpessoais.<br />
No terceiro e último gráfico, visualiza-se a transformação das inúmeras linhas <strong>em</strong><br />
uma única forma maciça, que expressa a totalidade do grupo, a constituição de uma matriz.<br />
Para Ribeiro (1994, p.35), “matriz é um conceito holístico, onde o grupo é visto como<br />
diferente e anterior à soma de suas partes”. Este não é um conceito percebido logo no início<br />
do grupo, mas d<strong>em</strong>anda interação e entrega. Este autor, compartilhando suas experiências<br />
como coordenador de grupos terapêuticos, revela que “após umas dezesseis horas de grupo,<br />
t<strong>em</strong>os a impressão de que sua matriz pode ser sentida e até delineada” (ibid., p.36) Nessa<br />
perspectiva, o grupo pode ser visto como uma pessoa coletiva e, como pessoa, vive todos os<br />
mecanismos dos indivíduos que o compõ<strong>em</strong>, apenas de maneira mais complexa e grupal.<br />
A esse conceito aproxima-se o que Benenzon (1985, p.44) chama de ISO grupal,<br />
já apresentado anteriormente 14 . Intimamente ligado ao esqu<strong>em</strong>a social <strong>em</strong> que o indivíduo se<br />
integra, este necessita de certo t<strong>em</strong>po para se estabelecer e estruturar-se e dependerá muitas<br />
vezes da boa escolha do grupo e do conhecimento do musicoterapeuta acerca dos ISOS<br />
individuais de cada m<strong>em</strong>bro. Fundamental para conseguir uma unidade de integração <strong>em</strong> um<br />
14 Ver p. 52.