EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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No entanto, devido à dureza do cotidiano, percebe-se que os indivíduos estão<br />
submersos <strong>em</strong> uma massa ruidosa que os tornam cada vez mais frenéticos <strong>em</strong> suas ações e<br />
menos musicais. Presos na exigência de uma comunicação verbal clara, exata, o corpo vai se<br />
tornando rígido, mecânico e a voz, linear e padronizada, s<strong>em</strong> saltos, s<strong>em</strong> modulações. O ser<br />
humano torna-se incólume às vibrações. Jourdain (1997), no entanto, esclarece que<br />
uma onda de som se esforça ao máximo para fazer vibrar um objeto. Mas os<br />
objetos pod<strong>em</strong> ser rígidos e maciços, o que faz repelir o som. Apesar disso,<br />
para qualquer objeto há certas frequências nas quais ele alegr<strong>em</strong>ente entra na<br />
dança (p.61).<br />
Em Musicoterapia, busca-se encontrar as frequências que mobilizam o cliente e<br />
conduzi-lo a um resgate de seus próprios sons. O musicoterapeuta convida o indivíduo a<br />
escutar a massa sonora do cotidiano que, de tão repetida, tornou-se esquecida, e a desvelar<br />
novas sonoridades, novas músicas.<br />
Quando o corpo <strong>em</strong>ana sons, abre-se espaço para os jogos de vibração e<br />
ressonâncias, assim como uma corda de violino: se solta, ao ser dedilhada não soa muito forte,<br />
mas quando esta mesma corda é colocada <strong>em</strong> um instrumento, o som por ela produzido pode<br />
ser ouvido por todo o salão de concertos. O som da corda foi reforçado pelo corpo do<br />
instrumento, fazendo com que o espaço vazio no seu interior vibre (MCCLELLAN, 1994).<br />
Este é o papel do musicoterapeuta na produção de um corpo sonoro ao utilizar o seu próprio<br />
corpo para potencializar os sons do cliente através da música.<br />
Explicita-se, no entanto, que o que é chamado de sonoro <strong>em</strong> musicoterapia não é<br />
uma ação puramente auditiva, mas “nós v<strong>em</strong>os sons, sentimos a textura de sons, sentimos a<br />
pressão de sons <strong>em</strong> nossos ouvidos, <strong>em</strong> nossos órgãos, mas sentimos também seu cheiro,<br />
v<strong>em</strong>os os instrumentos que os produziram, sentimos a ação de um movimento de um corpo<br />
sobre o outro” (FERRAZ, 2005, p. 76).<br />
Desta forma, a sonoridade conecta-se aos outros sentidos do corpo e, por<br />
conseguinte, conecta-se com a vida.<br />
Como a música é energia tornada audível, uma composição manifesta uma<br />
qualidade de vivacidade ao surgir do silêncio, evolui através de eventos que<br />
moldam a personalidade e mergulha novamente no silêncio. Se o estado de<br />
vivacidade é manifestado <strong>em</strong> sonoridade, então estar vivo é ser sonoro.<br />
Como a música dá coerência a sucessões de sons, satisfaz a necessidade de