EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
46<br />
código, oferecendo uma pluralidade de interpretações. Para Barbosa (2007) a lógica do sonoro<br />
se pauta na sensação, e por isso a música, efetivando um processo constante de atualização <strong>em</strong><br />
que interag<strong>em</strong> sensações, percepções e novas codificações, possibilita a criação e a<br />
ressifignação das relações simbólicas.<br />
Como b<strong>em</strong> nota Wisnick (1989, apud DUARTE E MAZZOTTI, 2006) sobre a<br />
natureza polissêmica da música:<br />
um grito pode ser um som habitual no pátio de uma escola e um escândalo<br />
na sala de aula ou num concerto de música clássica. Uma balada “brega”<br />
pode ser <strong>em</strong>baladora num baile popular e chocante ou exótica numa festa<br />
burguesa. Tocar um piano desafinado pode ser uma experiência interessante<br />
no caso de um ragtime e inviável <strong>em</strong> se tratando de uma sonata de Mozart.<br />
Um cluster pode causar espanto num recital tradicional, s<strong>em</strong> deixar de ser<br />
tedioso e rotinizado num concerto de vanguarda acadêmica. Um show de<br />
rock pode ser um pesadelo para os ouvidos do pai e da mãe e, no entanto,<br />
funcionar para o filho como canção de ninar no mundo do ruído<br />
generalizado (p.1288).<br />
Em ressonância a esse pensamento, Nattiez (1990, p. 34) afirma que “o<br />
simbolismo musical é polissêmico, porque quando ouvimos música, os significados que ela<br />
toma, as <strong>em</strong>oções que ela evoca, são múltiplas, variadas, confusas”.<br />
Assim, a música não se restringe aos processos intelectuais, mas promove uma<br />
articulação constante entre pensamento (domínio dos sist<strong>em</strong>as simbólicos) e sentimentos<br />
(experiências). Ao mobilizar as <strong>em</strong>oções, as obras musicais favorec<strong>em</strong> o contato com aquilo<br />
que já foi vivenciado, evoca l<strong>em</strong>branças e conduz aos jogos do imaginário. Conforme aborda<br />
Sekeff (2002, p.20) “a música, linguag<strong>em</strong> icônica, carregando <strong>em</strong> seus flancos o inconsciente,<br />
s<strong>em</strong>pre traz uma lacuna que é preenchida pelo imaginário do receptor da escuta. O discurso<br />
musical é essencialmente multívoco, com os sons expressando mais do que „diz<strong>em</strong>‟”.<br />
Tratando sobre os diferentes processos que estão articulados com a música,<br />
Swanwick (2003) ressalta o caráter simbólico das obras musicais, tornado-as capazes de<br />
compartilhar sist<strong>em</strong>as de significados e conectar-se a outras formas simbólicas. Para ele<br />
a música não é uma anomalia curiosa, separada do resto da vida; não é só um<br />
estr<strong>em</strong>ecimento <strong>em</strong>ocional que funciona como atalho para qualquer processo<br />
de pensamento, mas uma parte integral de nosso processo cognitivo. É um<br />
caminho de conhecimento, de pensamento, de sentimento (ibid., p.22-23)