EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
43<br />
através da comunicação que as condições estruturais, os sist<strong>em</strong>as de valores, normas e<br />
símbolos são revelados e a transmissão das representações ocorre.<br />
Quanto à estrutura das representações sociais, estas possu<strong>em</strong> duas faces<br />
indissociáveis, como a frente e o verso de uma folha de papel: a face figurativa e a face<br />
simbólica (MOSCOVICI, 2009). Dos desdobramentos desse pensamento, Moscovici<br />
introduziu dois processos que dão orig<strong>em</strong> às representações: a objetivação e a ancorag<strong>em</strong>.<br />
Dotta (2006, p.20), de forma lacônica, esclarece que “duplicar um sentido por uma figura<br />
abstrata, materializar um objeto abstrato, é chamado de objetivação e duplicar uma figura por<br />
um sentido, proporcionar um contexto inteligível ao objeto, interpretá-lo, é chamado de<br />
ancorag<strong>em</strong>”.<br />
A capacidade de criar e utilizar símbolos são próprios do hom<strong>em</strong>, e este é, a todo<br />
t<strong>em</strong>po, marcado, afetado e transformado pelo simbólico. Desta forma, percebe-se como a<br />
dimensão simbólica está fort<strong>em</strong>ente arraigada às representações sociais, uma vez que o<br />
símbolo é por natureza um el<strong>em</strong>ento representativo, isto é, ele significa uma outra coisa,<br />
“evoca presença apesar da ausência” (JOVCHELOVITCH, 1995, p.74). A autora esclarece<br />
que,<br />
através de símbolos, coisas diferentes pod<strong>em</strong> significar umas as outras e<br />
pod<strong>em</strong> mergulhar umas nas outras; eles permit<strong>em</strong> uma variabilidade infinita<br />
e, ainda assim, são referenciais. Assim, é da essência da atividade simbólica<br />
(...) o reconhecimento de uma realidade compartilhada (ibid., p.75).<br />
Portanto, nessa perspectiva, o indivíduo está inserido <strong>em</strong> uma rede de significados<br />
já constituídos e suas construções simbólicas part<strong>em</strong> daquilo que já foi estabelecido. Isso não<br />
quer dizer que ele esteja condenado a reproduzi-la, mas vive uma permanente tensão entre um<br />
mundo que já se encontra constituído e os seus próprios desejos. Pesavento (2003) observa<br />
ainda que no domínio das representações, o símbolo permite que outros sentidos se<br />
manifest<strong>em</strong>.<br />
As representações (...) são portadoras do simbólico, ou seja, diz<strong>em</strong> mais do<br />
que aquilo que mostram ou enunciam, carregam sentidos ocultos, que<br />
construídos social e historicamente, se internalizam no inconsciente coletivo<br />
e se apresentam como naturais, dispensando reflexão (p.41).