EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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com autistas me fez confirmar a capacidade da música, por ser efêmera, abstrata, não<br />
palpável, de atuar sobre o ser humano de modo imediato e de abrir canais de comunicação.<br />
Ao atender outras crianças <strong>em</strong> contexto escolar, procurei considerar como estas<br />
percebiam o ambiente, a maneira como se relacionavam com as outras crianças, com os<br />
professores, com os pais, e passei a utilizar a música enfocando seus aspectos lúdicos,<br />
promovendo experiências musicais prazerosas, que elas pudess<strong>em</strong> aprender e criar,<br />
imaginando-se <strong>em</strong> outros papéis, frente a situações desafiantes. Com adolescentes prévestibulandos<br />
<strong>em</strong> situação de vulnerabilidade social, as concepções acerca de um bom futuro,<br />
o significado de estudar <strong>em</strong> uma instituição pública, o desejo de ter um trabalho e a ansiedade<br />
e medo por ter<strong>em</strong> que realizar escolhas significativas conduziram-me a trabalhar com a<br />
música de forma a auxiliar na construção da identidade desses jovens.<br />
Já no desenvolvimento de equipes na área organizacional, as crenças sobre o<br />
mercado de trabalho, o dinheiro, a importância daquele <strong>em</strong>prego e as formas de comunicação<br />
entre os funcionários me deram apontamentos para como a música poderia ser utilizada<br />
naquele ambiente, <strong>em</strong> um primeiro momento viabilizando um diagnóstico e análise do clima<br />
organizacional e <strong>em</strong> seguida, propondo intervenções nessas relações. Ao lidar com pessoas na<br />
terceira idade, atentar-me para as suas ideias sobre saúde, doença e perspectivas para o futuro,<br />
fez-me trabalhar com a música como um el<strong>em</strong>ento capaz de resgatar l<strong>em</strong>branças e<br />
ressignificá-las.<br />
Examinando essa trajetória, concluo também que o envolvimento com a música e<br />
com as representações sociais de cada clientela são pontes para o encontro terapêutico, pois<br />
quanto mais eu conheço as representações sociais dos clientes atendidos, mais sentido têm<br />
seus discursos e práticas musicais, e então cria-se uma zona de confiança, <strong>em</strong> que o meu<br />
corpo, enquanto musicoterapeuta, <strong>em</strong> contato com o corpo do cliente vai construindo outros<br />
corpos sonoros e novas representações a partir dessa relação.<br />
Deste modo, <strong>em</strong> decorrência das vivências musicais nos diferentes grupos sociais<br />
ao longo da minha vida, de minhas experiências musicais musicoterapêuticas, do contato com<br />
as diversas teorias sobre música <strong>em</strong> Musicoterapia e da prática da Musicoterapia com<br />
diferentes clientelas, posso dizer que o núcleo central de minhas representações sociais de<br />
música hoje situa-se na corporeidade. Isto é, na concepção de que a música atua no ser<br />
humano como ser complexo, estando todas as qualidades e dimensões pertencentes ao<br />
humano enraizadas <strong>em</strong> seu corpo. Portanto, percebo o corpo como instrumento relacional com<br />
o mundo, por meio das dimensões física, <strong>em</strong>ocional-afetiva, mental-espiritual e sócio-