EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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2.4 Musicoterapia e Representações Sociais: uma aproximação<br />
A trajetória construída até aqui oferece apontamentos sobre como a Teoria das<br />
Representações Sociais pode contribuir para a compreensão dos processos vivenciados nos<br />
diferentes settings musicoterapêuticos, isto é, de que forma a Musicoterapia se constitui<br />
campo do representacional. Ressalta-se, no entanto, a atualidade das discussões <strong>em</strong> uma<br />
perspectiva histórica, cultural e social por parte dos teóricos da <strong>Música</strong> e da Musicoterapia,<br />
que vêm gradualmente participando de eventos científicos com apresentações de trabalhos<br />
envolvendo teorias das representações sociais nas áreas da História Cultural e da Psicologia<br />
Social. Assim, nesta pesquisa, ao propor aproximações da Musicoterapia com tais teorias,<br />
não se t<strong>em</strong> a pretensão de esgotar a complexidade envolvida na discussão dos t<strong>em</strong>as<br />
propostos, mas sim de apresentar determinados parâmetros para reflexão e associação de<br />
ideias.<br />
Nesse sentido, quatro pontos foram identificados e terão seus desdobramentos<br />
apresentados a seguir. São eles: 1) as representações sociais auxiliam o musicoterapeuta a<br />
compreender o cliente de forma mais abrangente, como sujeito social, histórico e cultural; 2) a<br />
musicoterapia pode facilitar mudanças nas representações sociais de um indivíduo ou de um<br />
grupo; 3) o musicoterapeuta deve compreender as suas próprias representações sociais; 4) as<br />
representações sociais permit<strong>em</strong> valorizar a dimensão social s<strong>em</strong> anular a dimensão<br />
individual, viabilizando uma terapêutica imbricada com a cidadania, com a ética e a política.<br />
González Rey (2007) nota que as representações sociais e os diversos discursos<br />
heg<strong>em</strong>ônicos no interior da sociedade aparec<strong>em</strong> como sentidos subjetivos nas configurações<br />
dos clientes atendidos e possu<strong>em</strong> um forte peso na organização dos probl<strong>em</strong>as que surg<strong>em</strong> na<br />
terapia. Como ex<strong>em</strong>plo, o autor mostra que valores regidos por dinheiro, falta de vínculos e<br />
despersonalização do cotidiano são alguns dos el<strong>em</strong>entos providos pelo sist<strong>em</strong>a no qual a<br />
sociedade atual está estruturada, o capitalismo. Estes, então, facilitam sentidos subjetivos<br />
associados à vivência da solidão, do vazio. Ao pensar nos educadores sociais, sujeitos desta<br />
pesquisa, pode-se ponderar que o contexto de violência e mudanças constantes possibilita<br />
sentidos subjetivos associados à ansiedade, à incerteza, à desconfiança e ao medo.<br />
Primeiramente observa-se que o indivíduo, ao iniciar um tratamento<br />
musicoterapêutico, v<strong>em</strong> investido de suas representações sociais. Portanto, a identificação<br />
dessas representações permite ao musicoterapeuta compreender o cliente de forma mais