EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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Ao optar pela fundamentação teórica desta pesquisa, ressalto que a minha própria
compreensão de representações sociais foi constituída de forma processual. Assim, apesar de
conhecer, por meio das ideias de diferentes autores o que vinha a ser essa teoria, esta ainda era
pouco tangível. Nesse sentido, comecei a investigar a mim mesma e a questionar de que
forma as minhas representações sociais, especialmente aquelas ligadas à música, foram e
estão sendo construídas, e como estas influenciam a minha atuação enquanto musicoterapeuta.
Assim, também busquei refletir sobre como essa influência se deu nos encontros
musicoterapêuticos dos grupos I e II.
Lembrei-me de um pequeno piano de brinquedo, um dos primeiros instrumentos
com que tive contato; aulas de piano, livros que mesclavam partituras com desenhos infantis.
Tenho a impressão de que diferente dos alunos que intensificavam seus estudos motivados
pelas apresentações nos recitais, a minha motivação estava mais ligada à relação com as
professoras e com o próprio instrumento musical, em que tocava brincando, sem ver o tempo
passar. Então, a figura do performer não me chamava tanto a atenção, talvez pelo fato de
meus familiares não terem uma formação musical e, com isto, esta não ser priorizada.
Inserida em uma igreja protestante, vivenciava a música sempre de forma coletiva,
cantando hinos e cânticos de louvores junto à congregação. Percebo que, por ter origens
históricas, a música no protestantismo é utilizada de forma funcional, isto é, em momentos
específicos e com finalidades bem determinadas. As obras musicais, como forma de
proclamação do evangelho, devem ter em suas letras mensagens claras em concordância com
a doutrina. Por isso, a música é compreendida com racionalidade, muitas vezes sem dar
espaço à dimensão corporal, diferenciando-se das práticas ditas mundanas que, nessa
concepção, utilizam o corpo como objeto sexualizado.
A esse respeito, Lima Júnior (1987, p.13) chama a atenção para “um desuso
sistemático dos inúmeros sentidos do corpo” nas igrejas protestantes, e afirma que “a ética
protestante, obcecada pela palavra, pelo logos, restringe a emoção disponível em toda a
materialidade corpórea”, concluindo que o corpo protestante é um corpo que “se sente
reprimido”. Para Alves (1979, p.199), de forma subliminar, a ética protestante exige a
depreciação do corpo, alimentando o pensamento de que “quanto maior a repressão do corpo,
maior a proximidade de Deus”.
Dessa forma, representações do corpo como bode expiatório para os maus
desígnios do espírito, oposição ao sagrado, e ainda a crença na rejeição do físico em favor do