EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
114<br />
uma “canção desencadeante” (BRITO, 2001, p. 96-7), já que por não apresentar “estranheza<br />
cultural e/ou musical” aos m<strong>em</strong>bros do grupo configurou-se como um recurso facilitador do<br />
processo grupal, permitindo que estes se expressass<strong>em</strong>, além de evidenciar que as<br />
musicoterapeutas estavam <strong>em</strong> consonância com o universo sonoro do grupo.<br />
Diminuindo o andamento da canção gradativamente, finalizamos o aquecimento.<br />
Com o grupo mais centrado, aplicamos a técnica de re-criação musical a partir da visualização<br />
de imagens. Este foi um momento marcado por períodos de silêncio, que mostrava o<br />
envolvimento dos participantes com a atividade e também certo constrangimento <strong>em</strong><br />
expressar<strong>em</strong>-se. No entanto, o grupo parecia bastante interessado na exposição de cada<br />
educador e, <strong>em</strong> alguns momentos, ajudavam-nos a l<strong>em</strong>brar trechos da canção escolhida.<br />
Algumas das canções que <strong>em</strong>ergiram foram: “O que é o que é?” de autoria de Gonzaguinha;<br />
“É preciso saber viver” de autoria de Roberto Carlos e Erasmo Carlos; “Sobre o t<strong>em</strong>po” de<br />
autoria de Jonh Ulhoa, interpretada pela banda Pato Fu; “Eu vou morar no céu”, interpretada<br />
pelo cantor evangélico Lázaro; “Parabéns a você” interpretada pela cantora Aline Barros;<br />
“Vida boa” interpretada pela dupla sertaneja Victor e Léo.<br />
Tereza, uma das participantes que mais nos chamou a atenção, escolheu uma<br />
figura que continha um hom<strong>em</strong> puxando um burro <strong>em</strong> um cenário com uma vegetação seca<br />
(Anexo IV), e disse que se sentia assim, trabalhando <strong>em</strong> um lugar árido. Para ela, a imag<strong>em</strong><br />
revelava um contraste entre vida e morte, mas sentia que tinha uma eterna esperança e<br />
acreditava no que fazia. Então cantou “mas é claro que o sol vai voltar amanhã, espera que o<br />
sol já v<strong>em</strong>”, um trecho da canção “Mais uma vez” de Renato Russo. Sandra disse que a<br />
imag<strong>em</strong> de um médico com um paciente r<strong>em</strong>eteu ao t<strong>em</strong>a trabalho (Anexo V). Evocando o<br />
seu próprio trabalho, afirmou que mesmo s<strong>em</strong> concordar com algumas condições, com o<br />
desrespeito com o humano, com o pensamento muito técnico, ela continuava a cumprir suas<br />
obrigações e, logo <strong>em</strong> seguida, trouxe a música “Construção”, de autoria de Chico Buarque.<br />
Como não conseguiu se l<strong>em</strong>brar da letra desta música, Tereza cantou “amou daquela vez<br />
como se fosse a última. Beijou sua mulher como se fosse a última. E cada filho seu como se<br />
fosse o único”. Essa canção evidencia o trabalho repetitivo e sua melodia aliada a uma<br />
tonalidade menor traz uma sensação melancólica. Assim, texto e música deixam transparecer<br />
uma insatisfação com a condição de vida, porém s<strong>em</strong> uma ação para mudança, traçando<br />
proximidade ao relato de Sandra.<br />
Os comentários de Sandra e Tereza mobilizaram os outros participantes do grupo,<br />
possivelmente devido à identificação dos t<strong>em</strong>as que <strong>em</strong>ergiram com o ambiente <strong>em</strong> que