EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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d<strong>em</strong>ais pode extrapolar e ai, não que possa estimular uma sequência de<br />
rebelião, mas pelo fato de você ter ocasionado uma coisa diferente, uma<br />
coisa que destacou, que fica <strong>em</strong> evidência, pode ser usado esse motivo pra<br />
ser questionado.”(Walter)<br />
“Eu concordo com o Walter por um lado e por outro não. Eu acho que essa<br />
coisa de estar todo mundo no mesmo ritmo limita. Eu acho que isso é uma<br />
coisa essencial no nosso trabalho, no nosso e <strong>em</strong> qualquer outro trabalho.<br />
Porque, às vezes, eu vejo coisas no colega que está do lado, eu vejo coisas<br />
na nossa instituição que gostaria que mudasse. Mas ver que t<strong>em</strong> o respeito é<br />
uma questão de ética. Eu acho que dentro de uma instituição do tamanho da<br />
nossa, a gente t<strong>em</strong> que estar assim, no mesmo ritmo. Eu acho que não limita,<br />
mas evita probl<strong>em</strong>as futuros.” (Sandra)<br />
As falas, portanto, evidenciaram novamente uma ambivalência: querer fazer algo<br />
novo, diferente e ao mesmo t<strong>em</strong>po ter que respeitar o espaço do outro e considerar o contexto.<br />
Em um diálogo entre Walter e Sandra, <strong>em</strong> continuidade ao t<strong>em</strong>a levantando, pod<strong>em</strong>os<br />
perceber como são estabelecidas as relações interpessoais nesse grupo:<br />
Sandra: Eu trabalho de uma forma, o outro colega trabalha de outra. Então<br />
eu não posso ir lá e falar pra ele fazer aquilo.<br />
Walter: Mas você não acha legal de repente você trocar informação com<br />
ele?<br />
Sandra: Às vezes, se ele vir até mim sim. Agora eu ir até ele, achando que a<br />
minha verdade é absoluta... Eu acho que se há uma dúvida da parte dele,<br />
ele pode vir até mim, agora eu ir até ele, eu acho um ponto muito<br />
complicado.<br />
Para finalizarmos esse encontro, cada participante deixou um som sobre como<br />
havia sido o encontro. Catarina passou a mão nas bolinhas do afoxé e disse “vamos <strong>em</strong><br />
frente!”; Júlia tocou o sino e também deixou uma mensag<strong>em</strong> de ânimo. Walter tocou o recoreco<br />
várias vezes e disse “a gente pode ser diferente”. Mariana percutiu a alfaia de maneira<br />
intensa duas vezes, e disse “é, a gente não precisa se conter s<strong>em</strong>pre”. Sandra pegou o<br />
chocalho de forma cautelosa e tocou suav<strong>em</strong>ente, disse não ter nada para falar. Vanessa fez<br />
apenas glissandos 29 ascendentes e descendentes no metalofone e Denise finalizou com uma<br />
sequência rítmica no tamborim.<br />
29 Glissando: expressão originada da língua italiana que significa passag<strong>em</strong> suave de uma altura a outra. (MED,<br />
1996, p.327)