EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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O grupo representou uma cena verídica <strong>em</strong> que um adolescente tinha um atrito<br />
com um policial. O adolescente desacatou verbalmente o policial que, exaltado, ameaçou “dar<br />
um corretivo” no adolescente, e pediu que o monitor abrisse o portão. Ele assim o fez. Ao<br />
perceber a situação, o técnico se colocou entre o adolescente e o policial, como apaziguador.<br />
A gerente do centro chamou o adolescente para conversar na presença do monitor e do técnico<br />
e reforçou as normas da instituição, finalizando a cena. A sonoplastia alternou entre a<br />
produção de sons gerando a sensação de suspense e a sobreposição às falas, produzindo a<br />
sensação de bagunça e tensão. Foram utilizados principalmente o ganzá, o afoxé e o bongô.<br />
É interessante ressaltarmos como os educadores optaram por representar uma cena<br />
que mostrava a realidade e não inseriram nenhum el<strong>em</strong>ento diferente desta, como, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, um desfecho que trouxesse surpresa ou mudança. Talvez por estar<strong>em</strong> tão envolvidos<br />
nessa realidade, n<strong>em</strong> cogitaram a possibilidade de criar algo novo.<br />
O clímax da cena foi a relação entre policial e técnico, e assim como nas falas<br />
prévias, durante o processamento o grupo trouxe a questão da agressividade dos policiais, de<br />
como a formação destes profissionais estimula a violência, e suas ações são divergentes do<br />
processo educativo, mas abordaram também a necessidade de tê-los por perto para que se<br />
tenha segurança.<br />
“Pra falar a verdade parece que é mais difícil ser um bom policial do que<br />
um bom educador. O educador é uma escolha, sua função é mais serena.<br />
Mas, a função do policial é um desafio.” (Bruno)<br />
“Ás vezes, quando estou com algum adolescente eu deixo a porta aberta e<br />
peço pro policial ficar onde possa ver ali perto. A gente precisa dessa<br />
segurança também.” (Sandra)<br />
Exercitando colocar-se no lugar do outro, Tereza comentou como foi difícil estar<br />
no papel de monitora. Vanessa, <strong>em</strong> seguida, comentou como alguns profissionais<br />
compreend<strong>em</strong> esta função e Sandra trouxe ao grupo outro aspecto dessa probl<strong>em</strong>ática.<br />
Tereza: É muito importante a gente se colocar no lugar do outro. Eu nunca<br />
me senti tão impotente. Porque, sabe? Eu literalmente me senti no papel de<br />
um Zé ninguém. As pessoas organizam atividades e você é obrigado a abrir<br />
e fechar a porta. Sensação de nada que me deu, sabe? Foi horrível. Perto do<br />
adolescente eu não me sentia nada, perto do professor, perto do policial...<br />
Até uma cadeira era mais útil do que eu nesse papel...