EMAC - UFG - EMAC - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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Devido às representações existentes de perigo e risco, o medo apresenta-se, nesses<br />
educadores, como um sentimento velado, não declarado, capaz de paralisar algumas ações.<br />
Durante as experiências musicais de composição, improvisação e dramatização, vivenciadas<br />
nos encontros musicoterapêuticos, o medo foi evidenciado através dos el<strong>em</strong>entos musicais.<br />
Embora o discurso verbal fosse marcado pelo desejo de transformação, o discurso musical<br />
apresentava ritmos, melodias e gestos musicais repetitivos, s<strong>em</strong> grandes alterações, marcados<br />
pela previsibilidade; a maioria dos corpos apresentavam-se contidos, com gestos acanhados;<br />
os atos de criação ficaram restritos a formas e desfechos convencionais. Isto pode ser visto, de<br />
forma mais específica, na composição musical “Transformação” (Anexo VII) criada pelo<br />
grupo I no terceiro encontro e também, durante a improvisação musical deste mesmo grupo,<br />
no quarto encontro, <strong>em</strong> que os participantes quiseram se expressar de forma mais intensa, mas<br />
não chegaram a fazê-lo de fato. Ainda, nas dramatizações musicais dos dois grupos, que<br />
encenaram com exatidão cenas do cotidiano, mesmo tendo a possibilidade de realizar<br />
alterações nas mesmas, criar outros enredos e utilizar outros recursos <strong>em</strong> suas produções<br />
corporais, sonoras e musicais. O silêncio, presente <strong>em</strong> alguns momentos do processo grupal,<br />
pode ser entendido como uma evitação ao contato com o novo, fundamentado no medo do<br />
desconhecido, daquilo que está por vir; além das dificuldades <strong>em</strong> tomar decisões <strong>em</strong> conjunto<br />
e a resistência <strong>em</strong> expor opiniões que pudess<strong>em</strong> desagradar ou gerar conflitos, como visto no<br />
nono encontro do grupo I.<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po, essa imag<strong>em</strong> do ambiente de trabalho mostra-se permeada de<br />
consciência da necessidade vital de não se perder a esperança e a vontade de mudança. A<br />
percepção do sentimento de esperança e do desejo de humanização do ambiente de trabalho<br />
como el<strong>em</strong>entos importantes para a continuidade do des<strong>em</strong>penho das funções específicas de<br />
cada profissional, durante os atendimentos musicoterapêuticos, esteve ligada à beleza, à<br />
sensibilidade, ao poético. Isto ficou evidenciado na expectativa positiva dos educadores<br />
quanto ao trabalho musicoterapêutico, <strong>em</strong> várias músicas trazidas pelo grupo, tais como:<br />
“Mais uma vez” de Renato Russo; “Tocando <strong>em</strong> frente” de Almir Sater; e “Oração pela<br />
Família”, de Padre Zezinho; nas imagens escolhidas no segundo atendimento, e também na<br />
utilização de el<strong>em</strong>entos coloridos e com brilhos nos painéis musicais elaborados no nono<br />
encontro, dos Grupos I e II (ver Anexo VIII e X).<br />
Assim, sentimentos e percepções diversos conviv<strong>em</strong> de forma conflituosa nesses<br />
espaços. A crença de que o adolescente esta além do crime que cometeu, rompendo com os<br />
estigmas da sociedade, e o sentimento de <strong>em</strong>patia, numa tentativa de compreender melhor o