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Pobreza e Desigualdades - O Laboratório - UFRJ

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66 | Coleção Coep Cidadania em Rede • nov 2008provocou um choque cultural, especialmente, mas não unicamente, na classemédia. Aos poucos, essas crianças passaram a ser vistas como as principais vítimasde uma sociedade injusta e desigual. Elas necessitavam da solidariedadee do apoio da sociedade como um todo para que saíssem da miséria e da exclusão,a fim de ter uma oportunidade de uma vida digna”.Alcir Calliari, que presidia o Banco do Brasil àquela época, concorda: “Oprincipal resultado foi, em minha opinião, tornar pública a existência do problemada fome e da miséria em nosso Brasil, obrigando as elites e a populaçãoem geral a enfrentar a situação e a ter consciência da sua responsabilidade nabusca de soluções”. Alcir também acredita que a liderança de Betinho fez que“a iniciativa vingasse em amplos setores da sociedade brasileira”.Nathalie Beghin, pesquisadora do Ipea de 1992 a 2006, também acreditaque as experiências da campanha fazem parte de momentos que marcam a vidade um país: “A Ação da Cidadania teve o efeito notável de abrir um campo dedebate em torno da fome que ganhou lugar de destaque da grande imprensa.Tudo era discutido: questões relativas à produção e distribuição de alimentos,as relações entre saúde e nutrição, tecnologia e desenvolvimento local, a parceriaentre Estado e sociedade no enfrentamento da fome, a reforma agrária e ageração de emprego. Tratava-se de um debate que chamava a atenção para asresponsabilidades públicas na crise social brasileira”.O depoimento de José Ribamar Araújo e Silva, que, na época, trabalhava naCáritas do Maranhão, revela como a Ação da Cidadania deu início a váriasoutras ações políticas. “O comitê de São Luís foi fundado em 3 de julho de1993. Uma conquista que marcou nosso comitê desde o início foi a de que acampanha não deveria se prender só ao emergencial, mas ir do emergencial aoestrutural. Sempre assumimos a máxima de que não basta dar o peixe; é precisoensinar a pescar. Aqui, no Maranhão, onde se vive sob forte impacto da degradaçãoambiental, acrescentamos: nem só ensinar a pescar, mas organizar os trabalhadorese as trabalhadoras para vigiarem e não deixarem poluir ou privatizaremas águas.” E continua: “Aprofundamos o diagnóstico de que, no Maranhão, afome deriva de um modelo de desenvolvimento que concentra terra, rendas e

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