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Pobreza e Desigualdades - O Laboratório - UFRJ

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uma onda de cidadania | 87era o acesso às empresas e aos bancos quepodiam apoiar eventos ou ações emergenciais.Lembro, inclusive, que foi assim queconseguimos formar uma rede de solidariedadeàs vítimas da seca no Nordeste. Opróprio governo realizou, com toda a críticaque se possa fazer, uma ação emergencialno Nordeste na época da seca.Manter ministros participando das reuniõesdo Consea não era fácil, à exceção dedois ou três que eram muito fiéis. Mesmocom todo o apoio recebido diretamente daPresidência da República, era como se metadedos ministros gerasse miséria e fome,e a outra metade tentasse consertar. É algoesquizofrênico mesmo. O Estado brasileiroé – aprendi isso na Constituinte – constituídopara garantir cidadania a uma elite.Apenas 25% ou 30% são contemplados. Alei, o orçamento e a estrutura são para garantiros direitos apenas a essa faixa da população.O resto é resto. Aqui, a elite semprefoi acoplada ao poder e criou um Estadodo qual se serve até hoje.O que mais destacaria nessa experiênciado Consea?Dom Mauro Morelli – A generosidade dopovo diante de tudo o que aconteceu. Asiniciativas, a vontade de apontar caminhos.Foi um momento de reconciliação do povobrasileiro. Ninguém estava preocupado apenascom uma ideologia. Qualquer ser humano,por mais rico que seja, não resolve o seuproblema de alimentação sozinho. Não hánenhum rico que possa comprar o planetaTerra. Se a cadeia alimentar for desfeita,todos morrem. O rico pode construir umaredoma de vidro, com água e alimentos excelentes,e passar a vida prisioneiro da suariqueza. Mas isso não é viver. Todo ser humano,pobre ou rico, mulher ou homem,criança ou idoso, precisa da alimentaçãopara viver. Estamos ligados à nossa mãepelo seio, pelo cordão umbilical por ondepassa oxigenação, por onde passa tudo.Precisamos de ternura, do leite da mãe, doarroz e do feijão. É um processo permanente.Costumo dizer que o Consea é diferentede outros conselhos porque neletodo mundo está de acordo no básico: seeu não comer e não beber, eu morro. É umdireito e uma necessidade de todos.E como o Consea terminou?Dom Mauro Morelli – Infelizmente, percebi,com a eleição de Fernando HenriqueCardoso, que as forças da República nãolevariam à frente aquilo que estávamostrabalhando. Havia uma tensão no governo,e encaminhamentos que o própriopresidente Itamar determinava acabavam

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