T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

O distanciamento da Igreja no que se refere à sua própria representação
de elite, enquanto instituição e clero especializado, marca sobremaneira o discurso
de Medellín.
Lembramos do comentário de BRAUDEL (1992) sobre o Vaticano II
afirmando que a Igreja Católica evoluiu mais nestes anos conciliares do que em
séculos de história. A Conferência de Medellín apresenta muito de uma renovação
eclesial onde a mudança de papel da Igreja diante das vicissitudes da América
Latina é sintomática e configura uma nova representação social da Igreja latino-
americana.
No plano da própria estrutura derivada do Conselho Episcopal, Medellín
redefine as escalas territoriais da ação institucional da ~ Igreja. "A renovação
comunitária e hierárquica necessita da intervenção de "diversas assembléias
territoriais de bispos legitimamente constituídas". Notadamente, apresenta as
Conferências Episcopais como regulamentadoras, porém limitadas à imagem
eclesial de cada comunidade cristã da Igreja Universal.
Assim Medellín, reveste de maior poder as Conferências Episcopais e
aponta a necessidade de uma adaptação à realidade dos territórios de missão. O
que poderíamos ponderar como uma certa autonomia regional em relação a plano
hierárquico da Igreja, interpretamos como um reforço deste plano, porém com
instâncias regionais de controle. Medellín recomenda a consideração dos Institutos
religiosos à tomada de decisão sempre relativa à autoridade nacional ou regional. A
integração dos religiosos com a ordem hierárquica é fundamental na compreensão
específica da Igreja Católica.
Medellín também abre, todavia, margem para um pluralismo teológico e de
ação pastoral que será duramente cerceada por setores conservadores da Igreja
Universal, caso especial que acontece com a Teologia da Libertação.
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