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T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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O que observamos no afresco é uma dinâmica relacionai que pode ser<br />

analisada na seguinte decomposição:<br />

(i) No plano inferior reconhecemos o corpo <strong>do</strong> Conde de Orgaz<br />

sen<strong>do</strong> coloca<strong>do</strong> em sua tumba. O primeiro plano é <strong>do</strong> corpo<br />

que expressa a efemeridade da matéria, que agora está sem<br />

vida. Representa, em nossa perspectiva, a primeira relação<br />

própria da espacialidade. A dimensão <strong>do</strong> corpo que na<br />

condição de morte transforma as relações <strong>do</strong> cotidiano<br />

representa uma nova rede de relações não justificáveis<br />

quan<strong>do</strong> em vida e o colocan<strong>do</strong> no patamar das relações<br />

religiosas. A morte representa a base radical da espacialidade<br />

<strong>do</strong> sagra<strong>do</strong>. Ela nos demonstra a plena consciência <strong>do</strong><br />

transitório, <strong>do</strong> material, <strong>do</strong> contingente. A concretude da morte<br />

<strong>do</strong> homem edifica as relações de transcendência próprias da<br />

religião. Um aspecto determinante da representação social da<br />

religião é a superação da morte, estan<strong>do</strong> suas expressões<br />

presentes na espacialidade <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong>.<br />

(ii) O segun<strong>do</strong> plano representa<strong>do</strong> no afresco demonstra a ação<br />

institucional da religião através <strong>do</strong>s sacer<strong>do</strong>tes dentro de uma<br />

hierarquia visível. Lembran<strong>do</strong> BOURDIEU (1998), os<br />

sacer<strong>do</strong>tes representam aqueles que são consagra<strong>do</strong>s ao<br />

ofício religioso, detentores <strong>do</strong> capital simbólico que legitima a<br />

ação. Enquanto um ampara o corpo <strong>do</strong> Conde, outro pede<br />

pela sua alma. O sacer<strong>do</strong>te assume o papel para o qual foi<br />

consagra<strong>do</strong>, ou seja, a intermediação entre a terra e o céu..<br />

(iii) O terceiro plano refere-se àqueles que observam a ação <strong>do</strong>s<br />

sacer<strong>do</strong>tes e expressam o pesar pelo morto. Diante <strong>do</strong>s leigos<br />

que fazem parte como observa<strong>do</strong>res da trama, é a investidura<br />

<strong>do</strong> sacerdócio que legitima a ação. Nesta situação, o corpo<br />

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