T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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Atinentes a esta possibilidade reconhecemos <strong>do</strong>is subsistemas dialógicos 22<br />
no que tange ao discurso religioso:<br />
• O primeiro refere-se ao discurso <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong>r devidamente<br />
consagra<strong>do</strong> em relação ao discurso feito e sacraliza<strong>do</strong> em texto que<br />
se reporta ao plano da Divindade;<br />
• O segun<strong>do</strong> refere-se ao discurso <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong>r institucionalmente<br />
autoriza<strong>do</strong> em relação aos enunciatários no plano temporal.<br />
A intermediação destes <strong>do</strong>is subsistemas dialógicos, ao nosso ver,<br />
possibilita a aproximação da característica que identifica essencialmente o discurso<br />
religioso ou seja, o seu caráter sagra<strong>do</strong>.<br />
A redução <strong>do</strong> discurso religioso a simples ideologia pode cooptar conceitos<br />
<strong>do</strong> discurso político e relegar a um plano secundário o caráter sacro <strong>do</strong> mesmo, este<br />
último simbólico e signatário <strong>do</strong> termo de distinção <strong>do</strong> não-sagra<strong>do</strong>.<br />
Ainda mais, a temporalidade <strong>do</strong> discurso religioso difere de mo<strong>do</strong><br />
significativo da temporalidade <strong>do</strong> discurso político. Neste senti<strong>do</strong>, podemos<br />
caracterizar o discurso religioso como discurso daquele que fala <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong>. Este<br />
representa uma ruptura qualitativa na formação discursiva e que, em última<br />
instância, aponta a situação <strong>do</strong>s sujeitos <strong>do</strong> discurso.<br />
O discurso religioso tradicional se caracteriza como um discurso basea<strong>do</strong><br />
na verdade e em direção à verdade; a primeira- verdade consagrada e única<br />
conceituai mente intrínseca à realidade humana, absoluta em essência; a segunda<br />
verdade refere-se ao caminho que os sujeitos constroem liga<strong>do</strong>s ao discurso<br />
funda<strong>do</strong>r já da<strong>do</strong> e permanente.<br />
22 Dialógico, no senti<strong>do</strong> amplo (inicia<strong>do</strong> por BAKHTIN), é a relação que qualquer<br />
enuncia<strong>do</strong> sobre um objeto mantém com enuncia<strong>do</strong>s anteriores produzi<strong>do</strong>s pelo mesmo objeto<br />
(BRANDÃO, 1998).<br />
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