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T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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CAPÍTULO 4 - ESTRUTURAS DA TERRITORIALIDADE CATÓLICA<br />

A presença da Igreja Católica em realidades cada vez mais urbanas e<br />

cosmopolitas, nas últimas três décadas, demonstra vários arranjos institucionais na<br />

manutenção da hegemonia territorial <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> diante <strong>do</strong> processo de<br />

secularização e da diversidade de identidades religiosas não-católicas.<br />

A cidade brasileira hodierna é a realização de um mun<strong>do</strong> seculariza<strong>do</strong> que<br />

outrora fora eminentemente eclesiástico. Muito embora a secularização <strong>do</strong> território<br />

e a laicização das práticas sociais sejam evidentes os espaços de representação <strong>do</strong><br />

sagra<strong>do</strong> e as práticas religiosas permeiam a dinâmica social da cidade. Neste<br />

senti<strong>do</strong>, a secularização é muito mais o processo de perda da autoridade<br />

eclesiástica sobre a cultura contemporânea <strong>do</strong> que propriamente um desterro <strong>do</strong><br />

sagra<strong>do</strong>. Como lembra ESPOSITO (1996, p. 17-19), o processo de modernização e<br />

urbanização provoca rupturas no teci<strong>do</strong> social e traumas culturais. O<br />

desenvolvimento <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> hemisfério sul fundamenta<strong>do</strong>s na laicização e<br />

ocidentalização progressivas da sociedade, principalmente em contextos urbanos,<br />

considera a religião um fator político-social anacrônico. Contu<strong>do</strong>, a grande<br />

segregação econômica e social urbana no fim <strong>do</strong> século XX beneficiou muito mais<br />

as elites. Neste bojo da materialidade social, a secularização das instituições e <strong>do</strong>s<br />

afazeres administrativos encontrou barreiras consideráveis quan<strong>do</strong> transportada<br />

para a instância cultural <strong>do</strong>s costumes. De qualquer mo<strong>do</strong>, a década de 1990<br />

representou, especialmente no meio urbano, o clímax de um processo de<br />

reavivamento <strong>do</strong> sentimento religioso, principalmente em contextos de injustiça<br />

social ou desenraizamento cultural e religioso.<br />

A Igreja Católica tradicionalmente caracterizou o processo de<br />

secularização como um indício de perigo para o seus interesses. No entanto, a<br />

exortação apostólica Evangelii Nuntiandi de 1975 (§ 55 e 56) relativiza a<br />

secularização como sen<strong>do</strong> mais uma autonomia em relação à religião <strong>do</strong> que uma<br />

negação da dimensão religiosa.<br />

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