T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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Uma clericalização crescente <strong>do</strong>s centros de peregrinação transfere a<br />
liderança leiga para o clero organiza<strong>do</strong>. Esta nova realidade tem suas implicações<br />
territoriais: a institucionalização <strong>do</strong>s Santuários populares transforma o espaço<br />
sagra<strong>do</strong> em território sagra<strong>do</strong> legitima<strong>do</strong>, a religiosidade católica popular é articulada<br />
a uma nova territorialidade.<br />
A Restauração Católica sob o pontifica<strong>do</strong> de Pio XI capitaliza as<br />
estratégias políticas em uma nova representação social, propriamente expandin<strong>do</strong> o<br />
seu papel religioso em escala global. No Brasil, a Igreja articula o seu projeto de<br />
hegemonia religiosa. A base deste projeto se evidencia em uma rede de influências<br />
<strong>do</strong>s Institutos Religiosos e na articulação <strong>do</strong> discurso restaura<strong>do</strong>r, através das<br />
estruturas da territorialidade católicas, como as paróquias e as escolas, e <strong>do</strong> uso da<br />
comunicação social.<br />
A nova textura <strong>do</strong> Catolicismo <strong>do</strong> Brasil, sob a égide da Restauração<br />
Católica, paulatinamente substituiu a lógica religiosa popular por uma nova lógica de<br />
caráter clerical. Novos instrumentos de devoção foram introduzi<strong>do</strong>s, novos santos,<br />
novas práticas, e houve a transformação da paróquia em um espaço de poder<br />
galvaniza<strong>do</strong> pelo discurso restaura<strong>do</strong>r. As firmes bases de sustentação da hierarquia<br />
estabeleceram as novas relações de poder que consubstanciam o <strong>do</strong>mínio da Igreja<br />
no Brasil até o fim <strong>do</strong> século XX.<br />
De fato, a identidade católica no Brasíl-na segunda metade <strong>do</strong> século XX,<br />
muito embora possua raízes profundas na história <strong>do</strong> país, revela uma relativização<br />
ligada à diversidade de práticas religiosas e à intensificação <strong>do</strong> fenômeno de novos<br />
sincretismos religiosos. O número de pessoas de origem católica que mudam a sua<br />
relação de pertença tem cresci<strong>do</strong> principalmente nas realidades urbanas. Entretanto,<br />
a mobilidade religiosa permanece significativa no âmbito <strong>do</strong> Cristianismo, na direção<br />
da Igreja Católica para Igrejas Cristãs não-católicas (gráfico 02). No espectro das<br />
Igrejas Cristãs não-católicas, a mobilidade é significativa devi<strong>do</strong> à intensa<br />
fragmentação de denominações cristãs.<br />
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