T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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lembrança <strong>do</strong> constructo teórico da territorialidade <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> pode-se interpretar<br />
esta malha de relações norteadas por uma gama de qualitativos <strong>do</strong> poder que<br />
tencionam a estruturação da territorialidade católica especificamente.<br />
A Santa Sé representa o poder religioso calca<strong>do</strong> na hierarquia e no<br />
fideicomisso <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> no discurso funda<strong>do</strong>r. O clero como ator social<br />
exerce o poder temporal nas relações com a sociedade e com os fiéis. A despeito<br />
<strong>do</strong>s carismas entre várias personas na hierarquia eclesiástica há uma temporalidade<br />
inerente às suas ações. Todavia, é no âmbito <strong>do</strong> poder mítico e simbólico que os<br />
aspectos de continuidade da Igreja se realizam. Quem atribui este poder são os fiéis<br />
na sua prática religiosa cotidiana da tradição e da missão escatológica 33 . Através da<br />
apropriação <strong>do</strong> poder simbólico, a instituição Igreja perpetua a sua existência e<br />
permanência na história.<br />
Uma história da Igreja também é uma história escatológica. No senti<strong>do</strong><br />
estrito diferencia-se <strong>do</strong> mito, pois este e aquela perfazem <strong>do</strong>is discursos diferentes.<br />
No que tange ao mito ele se volta ao passa<strong>do</strong> e deste mo<strong>do</strong> é descrito. A visão<br />
escatológica tende ao futuro e à visão de profecia. Quan<strong>do</strong> ambos se articulam,<br />
perfazem a idéia "de uma criação entendida como primeiro ato de libertação", e, de<br />
outro la<strong>do</strong>, "uma libertação como ato cria<strong>do</strong>r". (LE GOFF, 1996, p. 331). No<br />
Cristianismo, a perspectiva escatológica reveste de senti<strong>do</strong> a história e confere a ela<br />
um aparente <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> tempo. Sob este prisma, a Igreja transita em uma<br />
expectativa escatológica, que de fato é uma representação da manutenção de seu<br />
próprio passa<strong>do</strong> ou um retorno mítico às origens, tanto é que a expectativa<br />
escatológica da transformação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> não prescinde de uma Igreja forte,<br />
hierárquica e instrumentaliza<strong>do</strong>ra deste processo.<br />
33 Escatologia, <strong>do</strong> grego eschatos (último), refere-se a <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong>s fins <strong>do</strong>s tempos.<br />
Prognostica o destino final <strong>do</strong> homem. Se contrapõe a uma idéia cíclica da história de eterna<br />
repetição através da visão de um movimento em direção a uma realização profética. (FERGUSON, S.<br />
B. et al, 1988, p.228-231). O emprego <strong>do</strong> termo no texto coloca a escatologia como representação.<br />
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