11.04.2013 Views

T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O discurso de Medellín, na nossa avaliação, muito mais reestrutura as<br />

relações das instâncias de poder hierarquiza<strong>do</strong> da Igreja <strong>do</strong> que modifica<br />

propriamente sua estrutura. Comunidades eclesiais de base, Paróquias e Vicariatos<br />

são exorta<strong>do</strong>s à descentralização da ação pastoral, mas também à convergência e<br />

reforço <strong>do</strong> poder centraliza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> pároco. BEOZZO (1996) chamou Medellín de<br />

"êxo<strong>do</strong> da Igreja latino-americana". O que apóia de certa forma esta analogia são os<br />

pontos conflitantes das encíclicas de João XXIII, a Mater et Magistra de 1961 e a<br />

Pacem in Terris de 1963, a questão da terra e o dilema político da guerra fria.<br />

Segun<strong>do</strong> BEOZZO (1996), a inspiração de Medellín está muito mais nas<br />

Constituições Dogmáticas <strong>do</strong> Vaticano II Lúmen Gentium e Gaudium et Spes.<br />

Pouco a pouco o reforço da construção de uma imagem de uma Igreja<br />

pobre e para os pobres vai toman<strong>do</strong> contorno, e o eco latino-americano começa a se<br />

fazer ouvir.<br />

A encíclica Populorum Progressio de Paulo VI, que pleiteava o<br />

desenvolvimento como homônimo da paz, reforça a representação social da Igreja<br />

latino-americana que pouco a pouco transforma o discurso <strong>do</strong> desenvolvimento para<br />

um discurso de libertação com suas repercussões político-sociais.<br />

A avaliação <strong>do</strong> livro de BOFF "Igreja Carisma e Poder", de 1981, revela a<br />

mudança de eixo <strong>do</strong> discurso que alguns setores da Igreja apontavam.<br />

No pós-Concílio a teologia não apenas se viu confrontada com os problemas das<br />

sociedades abertas industriais e secularizadas. A questão primordial que as Igrejas se<br />

sentiam na urgência em responder era: como ser cristão num mun<strong>do</strong> crítico, adulto,<br />

funcionalista? Descobriu-se um desafio ainda maior, vin<strong>do</strong> das periferias da Ásia , África e<br />

especialmente América latina; emergem os pobres como fenômeno social, das grandes<br />

maiorias, marginaliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s benefícios <strong>do</strong> processo produtivo e explora<strong>do</strong>s como<br />

excedentes de uma sociedade que privilegia soluções técnicas e soluções sociais para<br />

seus problemas. A questão é: como ser cristão num mun<strong>do</strong> de empobreci<strong>do</strong>s e<br />

miseráveis?... (BOFF, 1982, p.39)<br />

Este redirecionamento <strong>do</strong> discurso católico que Medellín ensejara atinge<br />

uma ambigüidade significativa na Conferência <strong>do</strong> Episcopa<strong>do</strong> de Puebla em 1979.<br />

107

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!