T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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desenvolvia. Era o espaço físico pereniza<strong>do</strong>, coisifica<strong>do</strong> pelo homem e submeti<strong>do</strong> ao<br />
tempo, que era o agente decisivo das transformações da vida.<br />
A despeito da crítica feroz de LE GOFF (1998, p. 33) "A história à Toynbee,<br />
apesar de suas seduções, sua vista larga, seu desejo de totalidade, essa história<br />
confusa, feia - obrigatoriamente - de terceira mão em grande parte e que filosofa<br />
barato não é a nossa". Em 1948, TOYNBEE propunha uma verificação da religião<br />
como o ponto de deslocamento de foco da própria História. Reconhecia a religião<br />
como o plano de ruptura <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s tradicionais ocidentais de estu<strong>do</strong> da história.<br />
Ainda mais, considerava que a História Política deveria ceder a primazia à História<br />
Religiosa. Junto com a marginalização da história especulativa de TOYNBEE a<br />
ênfase à centralidade da religião na abordagem também foi descurada.<br />
A nossa releitura, especificamente da proposta <strong>do</strong> autor, conduz ao<br />
reconhecimento de que a relatividade da narrativa religiosa não é tomada pela<br />
simples objetividade <strong>do</strong> estudioso, mas pelo reconhecimento de que seu fazer<br />
constitui também prática social.<br />
O marcante olhar sócio-econômico da abordagem <strong>do</strong>s Annales pouco a<br />
pouco foi desloca<strong>do</strong> para um maior interesse pela História Cultural. Mesmo<br />
historia<strong>do</strong>res de inspiração marxista, como THOMPSON com suas preocupações<br />
com as mediações da cultura e da moral, apontaram para esta tendência. Também<br />
os historia<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Annales da quarta geração, como R. CHARTIER e J. REVEL,<br />
encampam a idéia de que as relações econômicas e sociais não são anteriores às<br />
relações culturais e nem as determinam. Outrossim, as representações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
social compõem a realidade social (HUNT, 1995). A partir da crítica à noção de<br />
mentalidades, que junto ao econômico e social correspondia à sustentação da<br />
perspectiva <strong>do</strong>s Annales, considerada pouco operacional e por vezes ininteligível, a<br />
categoria de representação foi gradativamente toman<strong>do</strong> corpo na explicação da<br />
nova história cultural.<br />
A possibilidade de uma história religiosa está muito mais afeta ao âmbito<br />
de uma história das representações, de uma história <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong>. Neste <strong>do</strong>mínio<br />
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