T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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A territorialidade <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> pressupõe três qualitativos principais:<br />
(i) Uma sacralidade ou a condição de ser sagra<strong>do</strong>, e por isto<br />
possibilitar exercer um poder legitima<strong>do</strong> por uma condição<br />
transcendente ou a repetição de gestos arquetípicos (no senti<strong>do</strong> de<br />
uma origem imemorial) consagra<strong>do</strong>s pelo mito, o que denominamos<br />
de poder religioso e poder mítico.<br />
(ii) Uma temporalidade que seria o contexto <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> da gestão<br />
política por parte <strong>do</strong>s atores sociais devidamente consagra<strong>do</strong>s,<br />
imbuí<strong>do</strong>s assim de um poder temporal.<br />
(iii) Uma espacialidade cuja territorialidade <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> objetiva-se como<br />
restrição e limite de um poder simbólico.<br />
A territorialidade <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong>, em uma primeira instância, seria a percepção<br />
das limitações imperativas <strong>do</strong> controle e da gestão de determina<strong>do</strong> espaço sagra<strong>do</strong><br />
por parte de uma instituição religiosa.<br />
Em uma segunda instância de compreensão a territorialidade <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong><br />
não reside apenas na percepção imediata da materialidade e abrangência <strong>do</strong><br />
controle e gestão <strong>do</strong> espaço sagra<strong>do</strong>, mas, além destes, em uma imbricação de<br />
relações de poder em torno <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong>. As relações de poder são, em última<br />
análise, os laços de coesão que estruturam a territorialidade <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> e objetivam<br />
o território sagra<strong>do</strong>.<br />
A territorialidade <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> remete a um qualitativo exerci<strong>do</strong> pelos<br />
sujeitos cuja autoridade é atribuída ao Transcendente, sen<strong>do</strong> esta expressão a<br />
razão de ser <strong>do</strong>s atributos absolutos transferi<strong>do</strong>s ao clero especializa<strong>do</strong>, ungi<strong>do</strong>s<br />
pela instituição. Esta característica é patente nas religiões tradicionais que possuem<br />
uma hierarquia clerical definida.<br />
Como fruto de relações de poder, a territorialidade <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> torna-se<br />
uma expressão de determinada trama histórica. Esta condição justifica a sua<br />
operacionalidade, como categoria teórica, na análise da religião institucionalizada.<br />
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