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T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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A experiência <strong>do</strong> tempo sob o contexto religioso assume muitas<br />

peculiaridades. A narrativa histórica referendada em determinada cultura perpassa<br />

uma tradição específica na elaboração de sua dinâmica temporal.<br />

Nossa opção é o aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> tempo absoluto no que se refere à dinâmica<br />

religiosa. Assim, assumimos que a temporalidade religiosa difere da temporalidade<br />

secular. A constituição da rede de relações que identificam um perío<strong>do</strong> na História<br />

religiosa possui operações culturais específicas, iniciadas num passa<strong>do</strong> que deste<br />

mo<strong>do</strong> trazemos à tona no presente. A lembrança de LE GOFF (1996) "a oposição<br />

passa<strong>do</strong>/presente é essencial na aquisição da consciência <strong>do</strong> tempo." Esta oposição<br />

é edificada e está submetida à temporalidade <strong>do</strong> sujeito que a constrói.<br />

Em nossa reflexão, o tempo é visto como relacionai. Parte da idéia de que<br />

o tempo, na religião, remete à temporalidade das hierofanias e a gestão <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong>.<br />

A partir destes pontos configura-se uma rede de relações que tecem a trama<br />

histórica.<br />

O sagra<strong>do</strong>, considera REHFELD (1988), é como aquilo que retorna no<br />

tempo, uma reminiscência dura<strong>do</strong>ura que se distingue <strong>do</strong> não-sagra<strong>do</strong>, pois atribui<br />

significa<strong>do</strong>s à vida <strong>do</strong> homem diante <strong>do</strong> cotidiano. O tempo sagra<strong>do</strong> refere-se à<br />

lembrança de uma série de fatos que periodicamente são evoca<strong>do</strong>s nos ritos e<br />

festas sagradas. As características <strong>do</strong> tempo sagra<strong>do</strong> são a permanência e o<br />

reavivamento sistemático de um passa<strong>do</strong> específico em uma temporalidade<br />

primordial.<br />

Ao ser evoca<strong>do</strong> pelo corpo sacer<strong>do</strong>tal especializa<strong>do</strong>, o tempo sagra<strong>do</strong><br />

passa a ser objeto de controle simbólico sobre o sagra<strong>do</strong>. Deste mo<strong>do</strong>, a ação da<br />

lembrança <strong>do</strong> tempo sagra<strong>do</strong> passa pelo processo legitima<strong>do</strong>r da instituição que o<br />

classifica e operacional iza através <strong>do</strong> rito.<br />

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