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T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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<strong>do</strong>s símbolos, mitos e ritos demonstram os limites <strong>do</strong> homem, e não apenas a sua<br />

situação histórica.<br />

Ao atribuir uma base uniforme de edificação <strong>do</strong>s atos simbólicos, o autor<br />

apresenta a possibilidade de uma essência uníssona <strong>do</strong> fato religioso. Cabe lembrar<br />

a distinção pela qual ELIADE caracteriza as sociedades ditas arcaicas ou pré-<br />

modernas em comparação com as sociedades modernas secularizadas (ou, no seu<br />

dizer, profanas) e cada vez mais desprovidas de sustentação no sagra<strong>do</strong>.<br />

A crítica ao uso <strong>do</strong> conceito de arquétipo na análise da religião é estarmos<br />

creditan<strong>do</strong> ao mito a configuração de uma reminiscencia da psique, e não como algo<br />

teci<strong>do</strong> na trama histórica.<br />

A nossa reflexão parte <strong>do</strong> pressuposto de que a repetição de atos<br />

mitológicos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> nas sociedades arcaicas é semelhante à idéia da<br />

intervenção da Divindade na história como as religiões universais professam. Neste<br />

senti<strong>do</strong>, nas sociedades complexas, a religião seria uma variável pertinente na<br />

estruturação das relações sociais. O ponto de convergência e comparação <strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong> de diferentes tradições religiosas estaria muito mais atinente ao seu caráter<br />

histórico contextualiza<strong>do</strong> <strong>do</strong> que propriamente a uma essência arquetipica 4<br />

Nos reportamos, por exemplo, às relações entre o Cristianismo, o<br />

Judaísmo e o Islã quan<strong>do</strong> advogam uma raiz tradicional única e uma mesma origem<br />

mística e étnica, ten<strong>do</strong> como origem a epopéia de Abraão 5 , assim como descrito no<br />

4 O senti<strong>do</strong> procura<strong>do</strong> na questão <strong>do</strong> caráter histórico da hierofania aproxima-se da<br />

análise <strong>do</strong> sociólogo L. STURZO (1943) em seu ensaio La vera vita - Sociologia dei Soprannaturale,<br />

onde encara o sobrenatural como algo que faz parte da vida social. Algo que se justapõe ao natural,<br />

que pode ser aceito ou nega<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> assim, a sociedade está impregnada <strong>do</strong> sobrenatural e deste<br />

mo<strong>do</strong> interage com certos parâmetros sociológicos de ordem natural. Assim unicamente o ser<br />

humano relaciona-se com a hierofania e deste mo<strong>do</strong> age na História.<br />

5 Como no contexto <strong>do</strong> Cristianismo <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século IV, lembramos o comentário de<br />

um <strong>do</strong>s expoentes da Patrística, o autor da História Eclesiástica que nos remete à tese da ligação<br />

simbólica <strong>do</strong> Cristianismo com a religião de Abraão. Segun<strong>do</strong> EUSÉBIO DE CESARÉIA (2000, p. 46):<br />

"Evidentemente, é lícito julgar ser esta religião <strong>do</strong>s amigos de Deus, companheiros de Abraão, a mais<br />

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