T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná
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Como afirma BOURDIEU (1996), "a especificidade <strong>do</strong> discurso de<br />
autoridade reside no fato de que não basta que ele seja compreendi<strong>do</strong> (...), é preciso<br />
que ele seja reconheci<strong>do</strong> enquanto tal para que possa exercer efeito próprio." O<br />
reconhecimento se concretiza na medida da evidência em certas condições que o<br />
legitimam. Ao reapresentar a evidência de que a Igreja é depositária de uma<br />
mensagem que provém da própria Divindade, a Igreja legitima o seu discurso<br />
produzin<strong>do</strong> as condições necessárias para emitir juízos sobre o pensamento<br />
especulativo, científico ou mesmo teológico que se relativiza diante deste contexto.<br />
A alavanca pela qual o discurso institucional se realiza encontra no<br />
pensamento <strong>do</strong>gmático a própria eficácia. Se o homem pode atingir a verdadeira<br />
orientação dada pela revelação cristã, escapa ao acesso o que legitima esta<br />
revelação. Ao afirmar o mistério da revelação, a Igreja realiza a ruptura pela qual se<br />
reconhece o sagra<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> este legível enquanto fenômeno, todavia, <strong>do</strong>gmático<br />
enquanto realidade essencial. É interessante observar a eficácia simbólica das<br />
palavras, pois embora a revelação não encontre realização nelas próprias, torna-se<br />
reconhecível no cotidiano e no plano da história.<br />
Cabe ressaltar o caráter <strong>do</strong> que se denomina verdade religiosa, pois esta<br />
pode assumir várias caraterísticas em diferentes tradições religiosas. PANIKKAR<br />
apud MAY (1997) reconhece a questão da pluralidade religiosa como ímpactante <strong>do</strong><br />
pensamento teológico e especulativo contemporâneo. Seis grupos tipológicos são<br />
possíveis nesta discussão:<br />
(i) Reclames falsos: toda religião é falsa pois sua base de legitimação é<br />
falsa. Não existe um destino último ou Realidade.<br />
(ii) Subjetivismo: toda religião é verdadeira na perspectiva de que é a<br />
verdade para os seus adeptos.<br />
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