T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná
T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná
T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
discurso demonstra o para<strong>do</strong>xo entre uma representação da Igreja relacionada às<br />
massas populares e outra concernente ao próprio caráter institucional da Igreja.<br />
O problema da "Igreja popular", ou seja, a Igreja que nasce <strong>do</strong> povo, apresenta diversos<br />
aspectos. Se se entende Igreja popular como aquela que procura encarnar-se nos meios<br />
populares <strong>do</strong> nosso Continente e que, por isso mesmo, surge da resposta de fé que os<br />
grupos <strong>do</strong> povo dêem ao Senhor, evita-se o primeiro obstáculo: a negação aparente da<br />
verdade fundamental que ensina que a Igreja sempre nasce de uma primeira iniciativa que<br />
"vem <strong>do</strong> alto", isto é, <strong>do</strong> Espírito que a suscita e <strong>do</strong> Senhor que a convoca. Esta<br />
designação, porém, parece pouco feliz. Todavia, a "Igreja popular" aparece como distinta<br />
de "outra", identificada como a Igreja "oficial" ou "institucional", que é acusada de ser<br />
"alienante". Isto implicaria uma divisão no interior da Igreja e uma negação inaceitável da<br />
função da hierarquia. Tais posições, de acor<strong>do</strong> com João Paulo II, poderiam ser inspiradas<br />
por conheci<strong>do</strong>s condicionamentos ideológicos. (CONCLUSÕES DA III CONFERÊNCIA<br />
GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO, Puebla de los Angeles, México, 1979,<br />
p. 60)<br />
De novo, é a hierarquia que mantém a identidade primária da Igreja na teia<br />
de relações; "o Ministério hierárquico, sinal sacramentai de Cristo, Pastor e Cabeça<br />
da Igreja, é o principal responsável pela edificação da Igreja, na comunhão e<br />
dinamização de sua ação evangeliza<strong>do</strong>ra." (CONCLUSÕES DA III CONFERÊNCIA<br />
GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO, Puebla de los Angeles,<br />
México, 1979, p. 101).<br />
O conceito de "Igreja Popular" reaberto em Puebla nos remete a uma<br />
peculiaridade da Igreja no Brasil, que na segunda metade <strong>do</strong> século XIX<br />
preocupava-se em reevangelizar o pais e se aproximar das classes<br />
populares.(MARCHI, 1998, p.58).<br />
A perspectiva que se abria então é o convívio entre a Igreja Oficial e a<br />
religiosidade popular. Muito embora Puebla não apresente este fato como de<br />
natureza dual, demonstra-o como de cerne ideológico.<br />
A evangelização como parte primordial da ação estratégica da Igreja se<br />
realiza na forma de hierarquia e segui<strong>do</strong>res. Este ponto de vista transforma a<br />
realidade da religiosidade popular em legítima enquanto parte intrínseca da<br />
comunidade eclesial. "A Igreja é, portanto, um povo de servi<strong>do</strong>res" (CONCLUSÕES<br />
DA III CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO, Puebla de<br />
119