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T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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No âmbito da instituição religiosa, o exercício <strong>do</strong> poder assume<br />

características específicas. A religião indica princípios regula<strong>do</strong>res da vida e aponta,<br />

a partir de seu discurso funda<strong>do</strong>r, a distinção entre a virtude e o erro. Segun<strong>do</strong><br />

ANSART.(1978, p. 31), "a exteriorização <strong>do</strong> divino que caracteriza a religião em<br />

relação ao mito marca uma nova relação das práticas com a unidade <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>.<br />

Enquanto o mito estende sobre todas as práticas e sobre to<strong>do</strong>s os membros <strong>do</strong><br />

grupo a onipresença de seus significa<strong>do</strong>s, a designação <strong>do</strong> divino numa força<br />

particular, num ser transcendente, confirma a separação, entre as práticas, <strong>do</strong><br />

profano e <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong>." Nesta separação, uma classe específica se constitui para<br />

evocar e conservar os significa<strong>do</strong>s considera<strong>do</strong>s verdadeiros para a sociedade. Esta<br />

classe de especialistas da religião, os sacer<strong>do</strong>tes, apropria-se simbolicamente <strong>do</strong><br />

sagra<strong>do</strong> e assim exerce o poder religioso.<br />

Entretanto, se o poder, no âmbito da religião, reside primariamente na<br />

disposição da virtude 8 delineada na tradição e/ou texto de caráter sagra<strong>do</strong>, também<br />

sobre esta base está a legitimidade da autoridade. A estruturação organizada <strong>do</strong><br />

exercício <strong>do</strong> poder revela a instituição e, por conseguinte, os atos de governo. Neste<br />

contexto, os sacer<strong>do</strong>tes são aqueles que se apropriam da virtude através da<br />

8 Cabe asseverar que a disposição da virtude se circunscreve, no texto, ao discurso da<br />

virtude que legitima a ação de poder. Tomás de AQUINO (2002, p 657-658) reconhece a situação de<br />

Adão no paraíso ontológico como a virtude sen<strong>do</strong> a razão das perfeições submetida à Divindade. "O<br />

homem no esta<strong>do</strong> de inocência possuía, de uma maneira ou de outra, todas as virtudes. É algo que<br />

resulta de tu<strong>do</strong> o que precede. Foi dito acima que era tal a retidão <strong>do</strong> primeiro esta<strong>do</strong> que a razão<br />

estava submetida a Deus e as potências inferiores à razão. Ora, as virtudes não são mais que<br />

perfeições pelas quais a razão se ordena a Deus e as potências inferiores se dispõem segun<strong>do</strong> a<br />

regra da razão.". Desconstruin<strong>do</strong> o argumento anterior, na condição primeira <strong>do</strong> homem a virtude era<br />

algo já posto já da<strong>do</strong>; na condição posterior (expulsão <strong>do</strong> éden) há a possibilidade <strong>do</strong> erro; sen<strong>do</strong><br />

assim, a virtude passa a ser uma regra da razão que só existe enquanto ato. Analisan<strong>do</strong> o argumento<br />

de Tomás de AQUINO, Deus está como fonte de toda virtude e portanto, a existência das coisas<br />

refere-se a bondade divina.. Como a fé é a guia da razão, a segunda se submete a primeira, de mo<strong>do</strong><br />

que ter fé na fonte de todas as virtudes é condição para to<strong>do</strong> ato bom. Estabelece-se, deste mo<strong>do</strong>,<br />

uma relação direta entre a fé e o ato virtuoso. Neste senti<strong>do</strong>, o discurso da virtude referenda<br />

absolutamente o poder religioso e a condição de autoridade que permeiam as relações sociais.<br />

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