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T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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além das orgulhosas álgebras da ciência contemporânea; e suas promessas para as<br />

posteriores transformações <strong>do</strong> homem são tão encanta<strong>do</strong>ras quanto inesgotáveis. Sem as<br />

perspectivas religiosas incentivadas pela cidade, pode-se duvidar de que mais que uma<br />

pequena parte das capacidades de vida e saber <strong>do</strong> homem poderiam ter-se desenvolvi<strong>do</strong>.<br />

Além da premissa de complexificação estrutural da instância religiosa que<br />

referen<strong>do</strong>u uma autonomia relativa <strong>do</strong> campo religioso, as representações religiosas<br />

saíram de um Deus primitivo imprevisível e arbitrário a uma Divindade justa e boa,<br />

protetora da ordem social e natural.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a racionalização de uma ordem moral em detrimento de<br />

tradições mítico-mágicas por meio de um corpo sacer<strong>do</strong>tal especializa<strong>do</strong> conferiu à<br />

teologia o monopólio <strong>do</strong> discurso autoriza<strong>do</strong>. O corpo sacer<strong>do</strong>tal autoriza<strong>do</strong> por uma<br />

teologia cujas bases são <strong>do</strong>gmáticas "tende a substituir a sistemacidade objetiva das<br />

mitologias pela coerência intencional das teologías, e até por filosofias" (BOURDIEU,<br />

1997, p. 38).<br />

Sen<strong>do</strong> assim, a instituição Igreja referenda um corpo sacer<strong>do</strong>tal que possui<br />

o monopólio das coisas sagradas apoian<strong>do</strong>-se em "princípios de visão" relaciona<strong>do</strong>s<br />

às disposições da crença, que orientam as representações que revigoram esses<br />

princípios.<br />

Todavia, a Igreja também age como empresa, com dimensões econômicas<br />

que visam estabelecer os padrões de sua continuidade. Os sacer<strong>do</strong>tes detêm<br />

também o monopólio <strong>do</strong>s cargos e encargos das instituições católicas e suas<br />

devidas repercussões financeiras.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, a constituição de um campo religioso "acompanha a<br />

desapropriação objetiva daqueles que dele são excluí<strong>do</strong>s e que se transformam por<br />

esta razão em leigos (...) destituí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> capital religioso ( enquanto trabalho<br />

simbólico acumula<strong>do</strong>)."( BOURDIEU, 1997, p. 39)<br />

Este processo de desapropriação refere-se especialmente aos grupos<br />

sociais que são excluí<strong>do</strong>s, ocupan<strong>do</strong> uma posição inferior na estrutura de<br />

distribuição <strong>do</strong>s bens religiosos, "estrutura que se superpõe à estrutura da<br />

distribuição <strong>do</strong>s instrumentos de produção religiosa..."( BOURDIEU, 1997, p. 39)<br />

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