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T - GIL FILHO, SYLVIO FAUSTO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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Somente o clero teria a unção reconhecida para estabelecer e reconhecer o<br />

sagra<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> assim, um monopólio institucional <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> se estabelece, pois a<br />

não-sacralidade imánente <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> na tradição judaico-cristã transforma-se em um<br />

capital simbólico indisponível para o leigo.<br />

Retornan<strong>do</strong> à nossa tese da não-autonomia <strong>do</strong> não-sagra<strong>do</strong> e <strong>do</strong> profano,<br />

aludimos que o sagra<strong>do</strong> seria a realidade primeira da análise. A esta realidade<br />

atribuímos a plena autonomia, submeten<strong>do</strong> o não-sagra<strong>do</strong> e o profano a uma<br />

existência apenas na relação. Por conseguinte, o não-sagra<strong>do</strong> e o profano só<br />

existem em relação ao sagra<strong>do</strong>, e sem esta referência estão condena<strong>do</strong>s à não<br />

existência.<br />

Outrossim, se classificamos o espaço sagra<strong>do</strong> como centro <strong>do</strong> "sistema<br />

mun<strong>do</strong>", como na abordagem de ELIADE, conferimos ao mesmo a noção de "ponto<br />

fixo", lugar de mediação entre a terra e o céu.<br />

Neste contexto, fornecemos ao espaço um atributo de rigidez, como algo já<br />

da<strong>do</strong>, já posto, palco da trama humana inclusive em sua dimensão religiosa.<br />

Todavia, se o espaço é relacionai ele é parte indissociável <strong>do</strong> processo de<br />

sacralização <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e não apenas seu receptáculo. O espaço não é a<br />

cristalização <strong>do</strong> fenômeno, mas parte das possibilidades relacionais <strong>do</strong> mesmo.<br />

Assim, construímos imagens <strong>do</strong> espaço e atribuímos a elas as representações de<br />

nossa existência.<br />

Michaux:<br />

Lembran<strong>do</strong> a análise de BACHELARD (1989, p. 220) <strong>do</strong> poema de Henri<br />

o espaço, mas você não o pode conceber, esse horrível interior-exterior que é o<br />

verdadeiro espaço.<br />

Algumas (sombras), retesan<strong>do</strong>-se pela última vez, fazem um esforço desespera<strong>do</strong> para<br />

estarem em sua única unidade.<br />

(...) destruída pelo castigo, ela não era mais que um ruí<strong>do</strong>, mas enorme.<br />

Um mun<strong>do</strong> imenso ainda a ouvia, mas ela já não existia, transformada apenas e<br />

unicamente num ruí<strong>do</strong>, que ia rolar séculos ainda, mas fadada a extinguir-se<br />

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