jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste
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Nota-se que o problema não está no fato <strong>de</strong> cada cidadão exercer sua<br />
individualida<strong>de</strong> expressan<strong>do</strong> suas opiniões. Pelo contrário, para que a vonta<strong>de</strong> geral seja<br />
obtida, conforme afirma<strong>do</strong> por Rousseau, se faz necessário que <strong>de</strong> cada vonta<strong>de</strong> particular<br />
seja extraí<strong>do</strong> o substrato que dará origem a vonta<strong>de</strong> geral, por isso, é correto dizer que a<br />
vonta<strong>de</strong> geral <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das vonta<strong>de</strong>s particulares. É bom que se ressalte essa relação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pendência, para comprovar o que anteriormente foi dito, <strong>de</strong> que a vonta<strong>de</strong> geral está sempre<br />
em movimento, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as mudanças da vonta<strong>de</strong> particular, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, é claro,<br />
vinculada ao bem comum. Desta forma, é necessário que cada cidadão tenha a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> formar sua própria opinião, não sen<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong> por interesses parciais, mas sim<br />
unicamente por seus próprios interesses, porque é <strong>do</strong>s interesses particulares que é extraída a<br />
vonta<strong>de</strong> geral, pois o interesse particular não é necessariamente um interesse egoísta, ou pelo<br />
menos a natureza humana não po<strong>de</strong> ser reduzida a este sentimento, vejamos:<br />
Por que é sempre certa a vonta<strong>de</strong> geral e por que <strong>de</strong>sejam to<strong>do</strong>s constantemente a<br />
felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um, senão por não haver ninguém que não se aproprie da<br />
expressão cada um e não pense em si mesmo ao votar por to<strong>do</strong>s? Eis a prova <strong>de</strong> que<br />
a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direito e a noção <strong>de</strong> justiça, por aquela <strong>de</strong>terminada, <strong>de</strong>rivam da<br />
preferência que cada um tem por si mesmo e consequentemente da natureza <strong>do</strong><br />
homem (ROUSSEAU, 1983, p. 49).<br />
To<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sejam a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um, e assim <strong>de</strong>sejam a própria e é por isso que<br />
é sempre certa a vonta<strong>de</strong> geral, pois não exclui nenhum pactuante da sua proteção, visan<strong>do</strong> o<br />
bem <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Aquele que pensa nos <strong>de</strong>mais quan<strong>do</strong> exerce a função <strong>de</strong> soberano, está por<br />
conseqüência se benefician<strong>do</strong> pela sua atitu<strong>de</strong>. É necessário que cada cidadão tenha sua<br />
opinião, e que seja livre <strong>de</strong> influências parciais externas que possam manipulá-lo,<br />
conduzin<strong>do</strong>-o para outra direção que não a da sua própria vonta<strong>de</strong>, e conseqüentemente<br />
conduzin<strong>do</strong> a vonta<strong>de</strong> geral (que da particular <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>) também para outra direção. Daí a<br />
seguinte passagem: “[...] importa, pois, para alcançar o verda<strong>de</strong>iro enuncia<strong>do</strong> da vonta<strong>de</strong><br />
geral, que não haja no Esta<strong>do</strong> socieda<strong>de</strong> parcial e que cada cidadão só opine <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />
consigo mesmo[...]” (ROUSSEAU, 1983, p. 47). Opinar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> consigo mesmo,<br />
consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> seus interesses individuais é requisito <strong>de</strong>corrente da existência da liberda<strong>de</strong>, ou<br />
seja, a expressão da vonta<strong>de</strong> particular <strong>de</strong> cada membro <strong>do</strong> soberano é necessária, para que se<br />
encontre o que há <strong>de</strong> comum nessas vonta<strong>de</strong>s para que <strong>de</strong>las seja retirada à vonta<strong>de</strong> geral, sem<br />
influências externas. Nota-se que para Rousseau o homem é livre quan<strong>do</strong> em assembléia é<br />
capaz <strong>de</strong> agir (manifestar-se) apenas com fundamento em sua própria consciência, sem<br />
influências.