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jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

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<strong>do</strong>s cidadãos e que nada po<strong>de</strong> superar os costumes na manutenção <strong>do</strong><br />

governo (ROUSSEAU, 1995, p. 32).<br />

A lei escrita no coração <strong>do</strong>s cidadãos, ou seja, os costumes <strong>de</strong> um povo são os<br />

melhores e mais eficazes <strong>fundamentos</strong> da autorida<strong>de</strong>. A importância <strong>do</strong>s costumes é<br />

constatada quan<strong>do</strong> em comparação com a vonta<strong>de</strong> geral. Para que a vonta<strong>de</strong> geral seja<br />

soberana, o povo soberano, que forma o corpo político <strong>de</strong>ve estar disposto <strong>de</strong> tal forma que<br />

esteja convenci<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa vonta<strong>de</strong>. Não basta que seja proferida através da lei, e que seja<br />

executada por algum órgão <strong>do</strong> governo. A vonta<strong>de</strong> geral <strong>de</strong>ve estar disposta <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

indivíduo, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> corpo político. Os indivíduos <strong>de</strong>vem estar conforma<strong>do</strong>s à vonta<strong>de</strong> geral.<br />

Mas como isso seria possível? Como fazer com que cada indivíduo tenha a vonta<strong>de</strong> geral<br />

inscrita <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu próprio coração, e que esteja conforma<strong>do</strong> a ela? Salinas Fortes resolve<br />

esta questão, afirman<strong>do</strong> que a resposta está, sobretu<strong>do</strong> na educação “É necessário que a<br />

natureza <strong>de</strong> cada indivíduo venha a ser suprida pela mediação da educação, que não apenas<br />

informa o entendimento, mas conforma as vonta<strong>de</strong>s individuais <strong>de</strong> maneira a fazê-las aptas a<br />

produzir a comunida<strong>de</strong>” (1997, p. 118).<br />

Salinas Fortes indica a educação como forma <strong>de</strong> realizar a transformação pela qual<br />

os membros da associação <strong>de</strong>vem passar a fim <strong>de</strong> se tornarem aptos a pensar coletivamente.<br />

Quan<strong>do</strong> os membros pactuam a alienação total, é através <strong>de</strong>la que o corpo político po<strong>de</strong> se<br />

constituir e se conformar. É através <strong>de</strong>ssa alienação que o corpo se mantém compacto, e se<br />

constitui <strong>de</strong> forma comunitária. Para tanto o povo <strong>de</strong>ve estar com seus costumes conforma<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> tal forma que aceitem as condições <strong>do</strong> pacto social. Assim, os costumes <strong>do</strong> povo não<br />

po<strong>de</strong>m estar corrompi<strong>do</strong>s a ponto <strong>de</strong>sse povo não se comprometer em pactuar. A corrupção<br />

<strong>do</strong>s costumes, segun<strong>do</strong> o nosso autor, é a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar na finalida<strong>de</strong> pública e no<br />

bem comum em primeiro lugar. Aquele que coloca seus interesses particulares em primeiro<br />

lugar, em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> interesse público está moralmente corrompi<strong>do</strong> e é incapaz <strong>de</strong> fazer<br />

leis legítimas. Dessa forma, <strong>do</strong>s costumes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m todas as outras leis, porque nenhuma<br />

outra lei legítima será instituída se os costumes estiverem corrompi<strong>do</strong>s, pois o pacto civil<br />

legítimo não seria possível.<br />

Os usos e costumes <strong>de</strong> um povo po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como a lei moral inscrita<br />

nos corações <strong>do</strong>s homens e são a principal fonte da lei, ten<strong>do</strong> em vista que quan<strong>do</strong> as leis <strong>de</strong><br />

um povo envelhecem, elas são renovadas, com fundamento nessa lei inscrita em seus<br />

corações. No sistema político i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> por Rousseau é o próprio povo que se dá as leis, que<br />

as aprova, e que faz sua própria constituição, e assim o faz com fundamento em sua opinião,<br />

em seus usos e costumes. Segun<strong>do</strong> Rousseau trata-se <strong>de</strong> uma lei gravada, não no bronze ou no

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