30.10.2014 Views

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

92<br />

necessário investigar-se sobre a possibilida<strong>de</strong> da construção <strong>de</strong> um conceito <strong>de</strong> bem comum<br />

através <strong>do</strong> pensamento rousseauniano, bem como sobre as conseqüências negativas e<br />

positivas que a ausência <strong>de</strong>sse conceito po<strong>de</strong> causar. Já que, conforme anteriormente<br />

menciona<strong>do</strong>, não há uma <strong>de</strong>finição expressa realizada por Rousseau <strong>do</strong> bem comum e da<br />

utilida<strong>de</strong> pública.<br />

Alguns estudiosos <strong>do</strong> pensamento rousseauniano <strong>de</strong>dicaram-se à árdua tarefa <strong>do</strong><br />

esclarecimento <strong>de</strong>sses conceitos. Macha<strong>do</strong> afirma que o bem comum po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

como noção coletiva, “incluin<strong>do</strong>-se, por isso mesmo, na consciência <strong>de</strong> cada um, e todas as<br />

<strong>de</strong>cisões, visan<strong>do</strong> a atendê-lo, serão <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> um corpo político, isto é, <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />

consciente <strong>de</strong> sua unida<strong>de</strong>, necessida<strong>de</strong>s e aspirações” (1983, p. 30) 81 . Nesse viés<br />

interpretativo, o bem comum estaria, portanto presente na consciência <strong>de</strong> cada membro que<br />

forma o pacto associativo, e só ele, quan<strong>do</strong> requisita<strong>do</strong> a tomar <strong>de</strong>cisões po<strong>de</strong>rá dizer o que é<br />

o bem comum, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a unida<strong>de</strong> e as necessida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> a qual pertence. Seria,<br />

portanto, essa consciência individual, que se manifesta <strong>de</strong> forma coletiva através <strong>do</strong> soberano<br />

(povo reuni<strong>do</strong> em assembléia, e que talvez só possa se manifestar nesse momento) em<br />

momentos e situações histórias específicas, o porta voz <strong>do</strong> bem comum. Somente cada<br />

membro em si, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se como parte <strong>de</strong> um to<strong>do</strong> unitário, e consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as<br />

necessida<strong>de</strong>s e as aspirações <strong>de</strong>sse to<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>ria ser capaz <strong>de</strong> dizer o que é o bem comum. Ou<br />

seja, seria somente o próprio soberano que po<strong>de</strong> dar conteú<strong>do</strong> a esses <strong>do</strong>is conceitos. Se seu<br />

conteú<strong>do</strong> fosse previamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> o povo não seria mais soberano, pois suas <strong>de</strong>cisões já<br />

estariam <strong>de</strong>limitadas.<br />

A não constatação <strong>de</strong> critérios objetivos substantivos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> que seja o<br />

bem comum po<strong>de</strong> ser objeto <strong>de</strong> críticas, porque dificultaria o direcionamento da vonta<strong>de</strong><br />

geral, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que ela é guiada pelo bem comum, e se não há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar objetivamente o que é o bem comum, logo a i<strong>de</strong>ntificação da vonta<strong>de</strong> geral po<strong>de</strong>ria<br />

restar também prejudicada. No entanto, em senti<strong>do</strong> contrário, po<strong>de</strong>ria se afirmar que a<br />

ausência <strong>de</strong> conceituação por parte <strong>de</strong> Rousseau <strong>de</strong> bem comum e utilida<strong>de</strong> pública, se <strong>de</strong>ve<br />

ao fato <strong>de</strong> que não haveria mesmo essa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pré-<strong>de</strong>finição, porque a conceituação<br />

<strong>do</strong> bem comum se dá em concreto e não em abstrato. É o soberano que consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as<br />

necessida<strong>de</strong>s e as aspirações <strong>de</strong> sua socieda<strong>de</strong> dirá o que é ou não bem comum. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong><br />

o movimento que ocorre tanto na socieda<strong>de</strong>, com modificações <strong>de</strong> anseios e necessida<strong>de</strong>s,<br />

quanto à modificação que se dá no próprio soberano, pois é composto por pessoas (povo) e<br />

81 nota <strong>de</strong> rodapé, nº 51.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!