30.10.2014 Views

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

90<br />

como la<strong>do</strong>s diversos <strong>de</strong> uma mesma moeda. Não há representação da soberania, porque a<br />

vonta<strong>de</strong> não se representa.<br />

Enquanto houver corpo político, há soberania. O corpo político <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir, se<br />

o povo conce<strong>de</strong> em alienar (dar ou ven<strong>de</strong>r) seus direitos <strong>de</strong> soberano. Exemplificativamente,<br />

se o povo concordar em se submeter a uma pessoa, a um senhor, através <strong>de</strong>ssa concordância o<br />

povo <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser povo, “sejam homens isola<strong>do</strong>s, quantos possam ser submeti<strong>do</strong>s<br />

sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> algum<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-os um povo e seu chefe” (ROUSSEUA, 1983, p. 30). O pacto político está<br />

dissolvi<strong>do</strong>, e com ele a soberania: “se o corpo político <strong>de</strong>genera e se dissolve, o povo se<br />

<strong>de</strong>sfaz e, simultaneamente, a soberania <strong>de</strong>saparece: por aí se vê que a soberania é atributo<br />

essencial e in<strong>de</strong>fectível <strong>do</strong> povo” (GOYARD-FABRE, 2002, p. 182).<br />

Por sua natureza a soberania <strong>de</strong>ve pertencer a toda a coletivida<strong>de</strong>, a assembléia, e<br />

jamais po<strong>de</strong>rá ser confiada a uma pessoa, ou a um grupo <strong>de</strong> pessoas. A pior coisa que po<strong>de</strong>ria<br />

ocorrer para um homem é ver-se subjuga<strong>do</strong> a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outro. O povo que é o soberano<br />

tem po<strong>de</strong>r, mas esse po<strong>de</strong>r está limita<strong>do</strong> pelo bem comum e pela utilida<strong>de</strong> pública. É por certo<br />

que o po<strong>de</strong>r soberano não po<strong>de</strong> tu<strong>do</strong> 79 , pois <strong>de</strong>ve estar fundamenta<strong>do</strong> no bem comum e na<br />

utilida<strong>de</strong> pública, conforme se <strong>de</strong>monstrará no próximo item.<br />

2.6 BEM COMUM<br />

Quan<strong>do</strong> foi estuda<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> geral 80 constatou-se que o que dá<br />

conteú<strong>do</strong> à vonta<strong>de</strong> geral é o interesse comum, ou o bem comum. Para se compreen<strong>de</strong>r a<br />

vonta<strong>de</strong> geral, não há como se afastar <strong>do</strong> interesse público. Ocorre que não há no Do Contrato<br />

Social uma <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> que seja o bem comum, utilida<strong>de</strong> pública, ou interesse público.<br />

79 Boris Mirkine-Guetzèvitch Prélot, prefacian<strong>do</strong> o Livro <strong>de</strong> Derathè afirma: “Aproximada <strong>de</strong> suas origens, a<br />

<strong>do</strong>utrina rousseauísta parece a R. Derathé claramente individualista, sem por isso ser liberal. O sistema situa-se<br />

na antípoda das teses formuladas por Montesquieu e por Burlamaqui. Rousseau é hostil a qualquer partilha e a<br />

qualquer limitação constitucional da Soberania. Ele não a<strong>de</strong>re, entretanto, ao absolutismo <strong>de</strong> Hobbes e não<br />

sacrifica a liberda<strong>de</strong> individual à in<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Contrariamente à maioria das interpretações que<br />

<strong>de</strong>vem, todavia, ser consi<strong>de</strong>radas errôneas, Rousseau continua preocupa<strong>do</strong> em fixar “limites ao po<strong>de</strong>r soberano”,<br />

mas, para ele, esses limites não po<strong>de</strong>m provir nem <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r exterior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, nem tampouco da<br />

constituição <strong>de</strong>ste, eles resultam da natureza mesma da Soberania que se i<strong>de</strong>ntifica à Vonta<strong>de</strong> geral. Longe <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r tu<strong>do</strong>, o Soberano só po<strong>de</strong> agir pelas Leis, cuja generalida<strong>de</strong> exclui a arbitrarieda<strong>de</strong>. A teoria da Lei o<br />

obriga, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, a não sair <strong>do</strong>s “limites da utilida<strong>de</strong> pública”, e forma conseqüentemente a garantia <strong>do</strong>s<br />

direitos individuais” (DEARTHÈ, 2009, p. 17).<br />

80 Item nº 2.2.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!