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jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

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metafísicas), explicitan<strong>do</strong> que é <strong>de</strong>bruça<strong>do</strong> sobre essa i<strong>de</strong>ia, que conseguirá i<strong>de</strong>ntificar se a<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> é ou não natural. Nesse senti<strong>do</strong> Garcia afirma:<br />

Distinto é o mo<strong>do</strong> como se pronuncia em outros textos e na Carta, em que<br />

tem o homem natural - o homem em si - por objeto direto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações.<br />

Ocupar-se <strong>de</strong>ste homem genérico não é menos importante para Rousseau,<br />

sobretu<strong>do</strong> pelo papel que as idéias abstratas e regula<strong>do</strong>ras assumem em seu<br />

pensamento. Idéias que tornam possível sua crítica às concepções que<br />

tomam os fatos contingentes <strong>do</strong> homem e da socieda<strong>de</strong> como verda<strong>de</strong>s<br />

a<strong>de</strong>quadas à sua condição possível. Com isso, abdicam <strong>de</strong> visualizar as<br />

diferenças e <strong>de</strong> compará-las ten<strong>do</strong> em vista uma idéia regula<strong>do</strong>ra da<br />

condição política humana (1999, p. 59).<br />

Assim, no Segun<strong>do</strong> Discurso Rousseau esclarece o que enten<strong>de</strong> ser a essência<br />

humana: “Por importante que seja, para bem julgar o esta<strong>do</strong> natural <strong>do</strong> homem, consi<strong>de</strong>rá-lo<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua origem e examiná-lo, por assim dizer, no primeiro embrião da espécie”<br />

(ROUSSEAU, 1983, p. 237). Rousseau <strong>de</strong>screve o homem em sua essência como um ser<br />

muito resistente, que enfrenta as dificulda<strong>de</strong>s apresentadas utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> sua força física:<br />

Habitua<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, às intempéries da atmosfera e ao rigor das estações,<br />

experimenta<strong>do</strong>s na fadiga e força<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, nus e sem armas, a vida e a prole<br />

contra as outras bestas ferozes, ou a elas escapar corren<strong>do</strong>, os homens adquirem um<br />

temperamento robusto. Sen<strong>do</strong> o corpo o único instrumento que o homem selvagem<br />

conhece, é por ele emprega<strong>do</strong> <strong>de</strong> diversos mo<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> que são incapazes dada a falta<br />

<strong>de</strong> exercício, nossos corpos, e foi nessa indústria que nos privou da força e da<br />

agilida<strong>de</strong> que a necessida<strong>de</strong> obrigou o selvagem a adquirir (ROUSSEAU, 1983, p.<br />

238/239).<br />

O homem no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> natureza estaria prepara<strong>do</strong> para enfrentar intempéries, seria<br />

ágil e vigoroso, capaz <strong>de</strong> manter sua própria sobrevivência e da prole, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s<br />

recursos que lhe são forneci<strong>do</strong>s pela própria natureza “se não tem pele peluda, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> algum<br />

necessitam nas regiões quentes e, nas frias, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo sabem apropriar-se da <strong>do</strong>s animais que<br />

<strong>do</strong>minaram; se só tem <strong>do</strong>is pés para correrem, têm <strong>do</strong>is braços para aten<strong>de</strong>rem à sua <strong>de</strong>fesa e à<br />

sua necessida<strong>de</strong>” (ROUSSEAU, 1983, p. 242).<br />

No esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> natureza, a própria natureza é a fonte vital, e maior riqueza, sen<strong>do</strong><br />

que nele praticamente não há necessida<strong>de</strong>s, e as existentes são módicas e escassas,<br />

normalmente relacionadas com questões <strong>de</strong> sobrevivência, como água, comida e abrigo. Para<br />

respaldar essa suposição, Rousseau utiliza-se <strong>de</strong> uma afirmação visionária (hipotética) sobre o<br />

homem no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> natureza: “Vejo-o fartan<strong>do</strong>-se sob um carvalho, refrigeran<strong>do</strong>-se no<br />

primeiro riacho, encontran<strong>do</strong> seu leito ao pé da mesma árvore que lhe forneceu o repasto e<br />

assim satisfazen<strong>do</strong> todas as suas necessida<strong>de</strong>s” (ROUSSEAU, 1983, p. 238).

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