30.10.2014 Views

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

40<br />

pactuantes <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral. O amor próprio faz com que o homem social se torne egoísta a<br />

ponto <strong>de</strong> procurar vantagens para si, sem preocupar-se com os <strong>de</strong>mais. Ele abafa a pieda<strong>de</strong><br />

natural, e é por isso que <strong>de</strong>ve ser neutraliza<strong>do</strong> em socieda<strong>de</strong>, para possibilitar que o homem<br />

social possa pensar <strong>de</strong> forma coletiva, colocar-se no lugar <strong>do</strong> outro e querer o melhor para seu<br />

semelhante <strong>de</strong> forma voluntária, queren<strong>do</strong> ajudar, queren<strong>do</strong> cuidar <strong>do</strong> outro. A contraposição<br />

entre a pieda<strong>de</strong> natural e ao amor próprio é esclarecida por Macha<strong>do</strong>:<br />

A pieda<strong>de</strong> natural chocar-se-á com o egoísmo, com o amor-próprio que a<br />

razão engendra e a reflexão ratifica. As próprias paixões só se tornarão<br />

violentas quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas e aguçadas pela socieda<strong>de</strong>, como <strong>de</strong>monstra<br />

o confronto da simplicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> amor físico com as complicações <strong>do</strong>lorosas<br />

<strong>do</strong> sentimento amoroso (1968, p. 101).<br />

O mo<strong>de</strong>lo político <strong>de</strong> Rousseau propõe que o homem pactuante, através <strong>de</strong> sua<br />

vonta<strong>de</strong> livre e consciente, por meio <strong>de</strong> uma convenção ao qual a<strong>de</strong>re, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter<br />

percebi<strong>do</strong> que é vantajoso convencionar, dan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> forma igual para to<strong>do</strong>s, sem onerar mais<br />

uma pessoa <strong>do</strong> que outra, e ainda ganhan<strong>do</strong> maior força para conservar tu<strong>do</strong> o que se tem, aja<br />

voluntariamente no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensar em favor <strong>do</strong> to<strong>do</strong>, em querer pensar <strong>de</strong>ssa forma, em<br />

primeiro pensar no benefício da coletivida<strong>de</strong>, para <strong>de</strong>pois pensar em seu próprio benefício.<br />

Essa empatia <strong>de</strong> colocar-se no lugar <strong>do</strong> outro, nada mais é que o exercício da pieda<strong>de</strong> em<br />

socieda<strong>de</strong>. É essa forma <strong>de</strong> pensar que é bloqueada pelo amor próprio que é egoísta e faz com<br />

que o homem pense em si, e somente em si, por isso o amor-próprio <strong>de</strong>ve ser transforma<strong>do</strong><br />

em amor <strong>de</strong> si.<br />

O querer pensar no outro, o querer cuidar <strong>do</strong> outro, não por uma obrigação ou por<br />

uma necessida<strong>de</strong>, mas por pura afeição, por querer agir com essa pessoa como gostaria que<br />

agisse comigo são formas <strong>de</strong> pensar carregadas <strong>do</strong> amor <strong>de</strong> si, e não <strong>de</strong> amor próprio, que<br />

sequer permite que esse sentimento se <strong>de</strong>senvolva. Por isso, é correto se afirmar que a política<br />

em Rousseau visa minimizar ao máximo a presença <strong>do</strong> amor próprio no homem, para que ele<br />

possa <strong>de</strong>ixar a pieda<strong>de</strong> e o amor <strong>de</strong> si aparecerem <strong>de</strong> forma mais contun<strong>de</strong>nte na vida social.<br />

Mas qual seria a utilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> amor próprio? Até agora ele foi estuda<strong>do</strong> como<br />

sen<strong>do</strong> prejudicial aos planos políticos <strong>de</strong> Rousseau, por abafar o amor <strong>de</strong> si e a pieda<strong>de</strong> que<br />

são necessários para que o direito político seja <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>. É o amor próprio que faz com<br />

que o homem cada vez queira mais reconhecimento, que se esforce mais e mais para po<strong>de</strong>r ser<br />

reconheci<strong>do</strong> em socieda<strong>de</strong>. É a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoar-se (perfectibilida<strong>de</strong>) e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ser melhor que os <strong>de</strong>mais <strong>de</strong> sua espécie que faz com que o homem sempre busque<br />

diferenciar-se <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais, o que po<strong>de</strong> ser útil, ten<strong>do</strong> em vista que faz com que socieda<strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!