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jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

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social sem fundamentar-se na <strong>do</strong>minação <strong>de</strong> um homem pelo outro. Na referida obra, a<br />

vonta<strong>de</strong> geral é apresentada como uma forma <strong>de</strong> restabelecer a liberda<strong>de</strong> humana, através <strong>de</strong><br />

um novo pacto, que por não permitir a submissão <strong>de</strong> um homem ao outro e por manter a<br />

liberda<strong>de</strong> individual, é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> legítimo.<br />

É na obra Do Contrato Social que se encontra a célebre frase: “O homem nasce<br />

livre e por toda a parte encontra-se a ferros” (ROUSSEAU, 1983, p. 22). É da natureza <strong>do</strong><br />

homem a liberda<strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>ria lhe ser retirada, sob pena <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a própria humanida<strong>de</strong>.<br />

O homem <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> ser o que é: “Renunciar a liberda<strong>de</strong>, é renunciar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> homem,<br />

aos direitos da humanida<strong>de</strong>, e até aos seus próprios <strong>de</strong>veres” (ROUSSEAU, 1983, p. 27). Um<br />

homem não po<strong>de</strong>ria concordar em se submeter a outro, a ser subjuga<strong>do</strong> por outro “afirmar que<br />

um homem se dá gratuitamente constitui uma afirmação absurda e inconcebível; tal ato é<br />

ilegítimo e nulo, tão-só porque aquele que o pratica não se encontra no completo <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong><br />

seus senti<strong>do</strong>s” (ROUSSEAU, 1983, p.27).<br />

Para Rousseau o homem não foi cria<strong>do</strong> para ser <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>, mas sim para <strong>do</strong>minarse<br />

e ser seu próprio senhor, manten<strong>do</strong> a liberda<strong>de</strong> inata. No entanto, o filósofo genebrino<br />

afirma que essa liberda<strong>de</strong> é perdida através <strong>do</strong> convívio social, e que a partir <strong>de</strong>ste convívio<br />

ocorre à instituição da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre os homens. Assim, Rousseau questiona: “Quero<br />

indagar se po<strong>de</strong> existir na or<strong>de</strong>m civil, alguma regra <strong>de</strong> administração legítima e segura,<br />

toman<strong>do</strong> os homens como são e as leis como po<strong>de</strong>m ser” (ROUSSEAU, 1983, p. 21). Indagar<br />

se existe alguma regra <strong>de</strong> administração que possa tomar os homens como são... Como são<br />

os homens? Ora, são livres! Nascem livres, mas encontram-se a ferros por todas as partes.<br />

Então Rousseau questiona: seria possível estabelecer um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> convivência social que<br />

mantivesse o homem tão livre quanto era ao nascer? A essa questão Rousseau respon<strong>de</strong><br />

afirmativamente, resolven<strong>do</strong>-a através <strong>de</strong> um pacto civil legítimo, no qual o povo submeterse-ia<br />

somente a vonta<strong>de</strong> geral, que seria soberana, emanada <strong>do</strong> próprio povo reuni<strong>do</strong> em<br />

assembléia, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representantes. Essa seria a forma liberta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> homem em<br />

socieda<strong>de</strong>: fazer com que o homem <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> possível seja conduzi<strong>do</strong> ao que po<strong>de</strong><br />

ser.<br />

Mas como chegar a esse direito político no qual o povo é soberano e se expressa<br />

através da vonta<strong>de</strong> geral, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> submissão <strong>de</strong> um homem a outro? Qual é o<br />

caminho que <strong>de</strong>ve ser percorri<strong>do</strong>, como enten<strong>de</strong>r a natureza humana e suas faculda<strong>de</strong>s e<br />

paixões? To<strong>do</strong>s os povos po<strong>de</strong>riam utilizar-se da máxima da vonta<strong>de</strong> geral? Quais seriam os<br />

requisitos para a existência <strong>de</strong>ssa vonta<strong>de</strong>? Quan<strong>do</strong> um povo se torna apto para expressar a<br />

vonta<strong>de</strong> geral? Como reconhecer essa vonta<strong>de</strong>? Qual é o “guia” <strong>de</strong>ssa vonta<strong>de</strong>? Essas e outras

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