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jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

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86<br />

da vonta<strong>de</strong> geral visa possibilitar o estabelecimento da liberda<strong>de</strong> para o homem que vive em<br />

socieda<strong>de</strong>, livran<strong>do</strong>-o da submissão aos seus semelhantes, fundamentan<strong>do</strong>-se na igualda<strong>de</strong>. O<br />

povo que quer ser soberano para expressar a vonta<strong>de</strong> geral, <strong>de</strong>ve ter como objetivo a<br />

igualda<strong>de</strong>. Um povo muito avarento, muito <strong>de</strong>sejoso <strong>do</strong> acúmulo <strong>de</strong> riquezas, po<strong>de</strong> ter<br />

dificulda<strong>de</strong>s para admitir a igualda<strong>de</strong> entre seus membros. “É verda<strong>de</strong> que, para Rousseau,<br />

existem povos mais ou menos bem constituí<strong>do</strong>s conforme se aproximem da natureza e das<br />

normas i<strong>de</strong>ais capazes <strong>de</strong> medir o homem <strong>do</strong> homem a partir <strong>do</strong> homem da natureza”<br />

(GARCIA, 1999, p. 151).<br />

O povo não po<strong>de</strong> possuir vícios que estejam tão assimila<strong>do</strong>s a ponto <strong>de</strong> não mais<br />

os reconhecer como tais, ou ser incapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar modificações. O povo não <strong>de</strong>ve estar<br />

corrompi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma que não possa mais <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sê-lo. Assim, Rousseau aconselha que o<br />

povo <strong>de</strong>va ser jovem, sem que os preconceitos estejam estabeleci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira irreversível:<br />

A maioria <strong>do</strong>s povos, como os homens, só são dóceis na juventu<strong>de</strong>, envelhecen<strong>do</strong>,<br />

tornam-se incorrigíveis. Des<strong>de</strong> que se estabeleçam os costumes e se enraízam os<br />

preconceitos, constitui empresa perigosa e vã querer reformá-los. O povo nem<br />

sequer admite que se toque em seus males para <strong>de</strong>struí-los, como aqueles <strong>do</strong>entes,<br />

tolos e sem coragem, que tremem em presença <strong>do</strong> médico (ROUSSEAU, 1983, p.<br />

60-61).<br />

A analogia como o <strong>do</strong>ente é a expressão exata <strong>de</strong> como Rousseau enxerga o povo<br />

vicia<strong>do</strong>. Tanto o povo jovem, quanto o envelheci<strong>do</strong> que apresenta vícios e preconceitos, que<br />

se encontram corrompi<strong>do</strong> estão <strong>do</strong>entes. A gran<strong>de</strong> diferença é que o povo envelheci<strong>do</strong> não<br />

<strong>de</strong>seja ajuda, e sequer admite que seus males sejam toca<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que quem tentar ajudá-lo<br />

correrá perigo. É como se o povo envelheci<strong>do</strong> não acreditasse mais na cura <strong>de</strong> seus males, ou<br />

não tivesse mais ânimo ou disposição para enfrentá-los, ou já estivesse tão acostuma<strong>do</strong> com<br />

eles, que sequer os percebe, e, portanto não admite que fossem trata<strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, o<br />

povo jovem aceita a ajuda, quer tratar seus males, porque acredita na cura, porque não é um<br />

<strong>do</strong>ente tolo e sem coragem. Assim, povos jovens são mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para se estabelecer a<br />

vonta<strong>de</strong> geral. Mas o que <strong>de</strong>termina se um povo é jovem ou não? Rousseau ressalta que<br />

“juventu<strong>de</strong> não é infância” (ROUSSSEAU, 1983, p. 61), o que significa que não precisa ser<br />

um povo novo, recém estabeleci<strong>do</strong>, ou que esteja inician<strong>do</strong> sua vida social. A juventu<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

significar o mesmo que maturida<strong>de</strong>. O povo i<strong>de</strong>al não é um povo infante, <strong>de</strong> to<strong>do</strong> ingênuo,<br />

sem vícios, mas sim <strong>de</strong> um povo com certa maturida<strong>de</strong>, mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não possua vícios<br />

arraiga<strong>do</strong>s.<br />

Outra questão surge: e como reconhecer a maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um povo? O próprio<br />

Rousseau admite que a resposta a essa questão não é fácil, porque os povos po<strong>de</strong>m apresentar

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