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jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

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83<br />

mármore, mas no coração <strong>do</strong>s pactuantes “a mais importante <strong>de</strong> todas que não grava nem<br />

sobre o mármore nem sobre o bronze, mas no coração <strong>do</strong>s cidadãos” (ROUSSEAU, 1983, p.<br />

69). To<strong>do</strong> o sucesso das <strong>de</strong>mais leis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da <strong>do</strong>s usos e costumes <strong>do</strong> povo.<br />

São as leis não escritas que formam os costumes. As regras oriundas <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong><br />

peculiar <strong>de</strong> viver, <strong>de</strong> interpretar as relações, é o que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> direito<br />

consuetudinário. A forma como <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> povo vive, a forma como se estabelecem as<br />

relações humanas, a forma <strong>de</strong> interpretar situações variadas, a forma <strong>de</strong> pensar, quan<strong>do</strong><br />

idênticos <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> povo, formam o que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> costumes, ou seja o que é<br />

aprecia<strong>do</strong>, valoriza<strong>do</strong> pelos cidadãos é visto como algo que <strong>de</strong>ve ser incentiva<strong>do</strong> pelas leis<br />

escritas, enquanto o que é <strong>de</strong>spreza<strong>do</strong>, ou o que é valora<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma negativa, é através das<br />

leis positivas repeli<strong>do</strong>, afasta<strong>do</strong>, puni<strong>do</strong>. A legislação, portanto é inspirada nas regras morais.<br />

É preciso que as opiniões e as particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um povo sejam levadas em consi<strong>de</strong>ração<br />

quan<strong>do</strong> feitas as leis:<br />

Os costumes e as opiniões têm força porque, embora não sen<strong>do</strong> “naturais” e<br />

<strong>de</strong>corren<strong>do</strong> da vida em socieda<strong>de</strong>, estão ainda bastante próximos da<br />

natureza. Melhor <strong>do</strong> que isso: são <strong>de</strong> alguma maneira a “natureza” artificial<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> povo. O hábito é aqui efetivamente uma segunda<br />

natureza, assim como é efetivamente uma outra tradução da vonta<strong>de</strong> geral<br />

(SALINAS FORNTES, 1997, p.121).<br />

Se as leis, para tornarem-se legítimas <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>claradas pela vonta<strong>de</strong> geral, e<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a opinião, e que os costumes são também uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong>ssa mesma<br />

vonta<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m então ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como uma espécie <strong>de</strong> lei, e atuam <strong>de</strong>sta forma, até<br />

mesmo <strong>de</strong> forma mais eficaz, pois <strong>de</strong>les todas as outras leis retiram sua força. Mas em que<br />

constituem exatamente os costumes? Como saber i<strong>de</strong>ntificá-los? Seriam juízos, opiniões,<br />

avaliações? O que faz <strong>de</strong> um costume um costume? Se a opinião po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como<br />

juízos forman<strong>do</strong>s a respeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tema, Salinas Fortes afirma que os “costumes e<br />

hábitos, seriam por outro la<strong>do</strong>, o mesmo que a opinião, vista sob um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> aspecto; ou<br />

seja, vista sob o aspecto da ação, <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> agir: o costume é uma crença vivida<br />

efetivamente” (1997, p. 122). Para confirmar tal passagem, Salinas Fortes cita o exemplo <strong>do</strong>s<br />

duelos, que são utiliza<strong>do</strong>s por <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s povos como sen<strong>do</strong> forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a honra<br />

com a própria vida, esse seria um <strong>do</strong>s exemplos <strong>de</strong> costumes.<br />

Mas outra questão surge: como são fundamenta<strong>do</strong>s os costumes? Como um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> povo chega à conclusão <strong>de</strong> que algumas ações <strong>de</strong>verão ser valoradas<br />

positivamente e incentivadas, enquanto outras <strong>de</strong>verão ser afastadas e evitadas? Qual seria o<br />

critério para tanto? Como saber o que <strong>de</strong>verá ser valora<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma positiva ou negativa? Ou

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