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jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

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melhor, o que fará com que o homem reconheça o que <strong>de</strong>verá ser evita<strong>do</strong> e o que <strong>de</strong>verá ser<br />

incentiva<strong>do</strong> nos <strong>de</strong>mais? Outra vez, Salinas Fortes antecipa-se e respon<strong>de</strong>, com sua<br />

interpretação <strong>do</strong> pensamento político <strong>de</strong> Rousseau:<br />

No homem primitivo a paixão <strong>do</strong>minante é o amor-<strong>de</strong>-si, acompanhada da<br />

pieté, como vimos. Com a passagem para o esta<strong>do</strong> civil, esta paixão ten<strong>de</strong><br />

perigosamente a tornar amor-próprio. Mas, antes que isso ocorra, a gran<strong>de</strong><br />

alteração é a que produz a cisão entre o interior e o exterior e a gran<strong>de</strong><br />

paixão que se constitui é a <strong>de</strong> ser estima<strong>do</strong> pelo outro. Essa é a principal<br />

mola propulsora da vida em socieda<strong>de</strong>; é ela a paixão social propriamente<br />

dita. É sobre ela igualmente que vão se assentar os costumes, pois os<br />

indivíduos passarão a valorizar a estima daqueles com quem convivem e<br />

agirão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os padrões <strong>de</strong> cada comunida<strong>de</strong> (1997, p. 123).<br />

A resposta, portanto, está na estima. O que faz com que o indivíduo seja estima<strong>do</strong><br />

pelos <strong>de</strong>mais é o que será valoriza<strong>do</strong> positivamente, em senti<strong>do</strong> contrário, o que faz com que<br />

o indivíduo seja preteri<strong>do</strong> será valoriza<strong>do</strong> negativamente, e <strong>de</strong>verá ser afasta<strong>do</strong>. Assim, os<br />

costumes são forma<strong>do</strong>s com fundamento na estima <strong>do</strong>s indivíduos. Cada povo estima mais<br />

um bem que outro, e valoriza <strong>de</strong> formas diferentes <strong>de</strong>terminadas características. Isso faz com<br />

que as leis sejam diferentes, conforme os valores <strong>do</strong>s povos que as criam, nesse senti<strong>do</strong>:<br />

“Como dissemos a mola propulsora da vida em socieda<strong>de</strong>, que acaba por converter o amor <strong>de</strong><br />

si em amor-próprio, é a tirania da opinião. Viver em socieda<strong>de</strong>, nestas condições, é dar-se em<br />

espetáculo para o outro” (SALINAS FORTES, 1997, p. 126), conforme já cita<strong>do</strong>.<br />

Assim, a tirania da opinião não tem só um la<strong>do</strong> negativo que seria a conversão <strong>do</strong><br />

amor <strong>de</strong> si em amor-próprio, ela também possui um la<strong>do</strong> positivo que é a instituição <strong>do</strong>s<br />

costumes através da opinião. Não há como ignorar que a vida em socieda<strong>de</strong> faz com que o<br />

juízo e a opinião alheia sejam consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, e utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>sse recurso artificial forma<strong>do</strong><br />

pela vida social, que é a estima alheia, é possível que se proponha a um povo que <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

bem seja mais estima<strong>do</strong> <strong>do</strong> que tu<strong>do</strong>. Isso se dá através <strong>de</strong> uma educação para tanto, e é nesse<br />

senti<strong>do</strong> que a educação conformará as vonta<strong>de</strong>s individuais e fará possível a comunida<strong>de</strong>.<br />

Assim, o interesse geral po<strong>de</strong>rá prevalecer sobre tendências egoístas através, por exemplo, <strong>do</strong><br />

amor à pátria:<br />

Devemos fazer com que os indivíduos amem a pátria, amem a coisa pública<br />

e amem a seus compatriotas. Isso supõe um aprendiza<strong>do</strong>, já que a tendência<br />

natural seria no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> amor-próprio. Ora, como a tendência no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> se distinguir e <strong>de</strong> aparecer é própria da vida em socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve ela ser<br />

aproveitada e a distinção será distinção como patriota (SALINAS FORTES,<br />

1997, p. 130).

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