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jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

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32<br />

O verbo querer <strong>de</strong>nota toda a voluntarieda<strong>de</strong> da ação. Quan<strong>do</strong> somos beneficia<strong>do</strong>s,<br />

ten<strong>de</strong>mos a permanecer perto <strong>do</strong> que beneficia, <strong>do</strong> que favorece, mesmo que não seja um ato<br />

voluntário, mas quan<strong>do</strong> quem nos beneficia ou nos favorece o faz através <strong>de</strong> seu livre arbítrio,<br />

com a intenção <strong>de</strong> nos fazer o bem, nós amamos essa pessoa. O mesmo ocorre quan<strong>do</strong> somos<br />

prejudica<strong>do</strong>s, nós nos afastamos porque nos é prejudicial, mas quan<strong>do</strong> somos prejudica<strong>do</strong>s<br />

pela vonta<strong>de</strong> livre e consciente <strong>de</strong> outrem, nós odiamos essa pessoa. Assim, o primeiro<br />

sentimento <strong>do</strong> homem é amar a si mesmo, e <strong>de</strong>pois ele ama aos que estão próximos e lhe dão<br />

atenção e assistência. Por isso, Rousseau afirma que a criança ten<strong>de</strong> a benevolência “pois vê<br />

que tu<strong>do</strong> que a ro<strong>de</strong>ia dispõe-se a ajudá-la, e <strong>de</strong>ssa observação ela toma o hábito <strong>de</strong> um<br />

sentimento favorável à sua espécie” (ROUSSEAU, 2004, p. 289). Assim, é preciso tempo e<br />

conhecimento para que se possa julgar o que lhe favorece e o que lhe prejudica, e assim<br />

tornar-se capaz <strong>de</strong> amar.<br />

O amor <strong>de</strong> si faz com que o homem tenha consciência da justiça e da injustiça,<br />

tu<strong>do</strong> isso consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as experiências próprias “a justiça é inseparável da bonda<strong>de</strong>; ora a<br />

bonda<strong>de</strong> é o efeito necessário <strong>de</strong> uma potência sem limite e <strong>do</strong> amor <strong>de</strong> si, essencial a to<strong>do</strong> o<br />

ser que a sente” (ROUSSEAU, 2004, p. 398). Os sentimentos <strong>de</strong> justiça e <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> são<br />

inseparáveis <strong>do</strong> amor <strong>de</strong> si, porque é perceben<strong>do</strong> no outro a voluntarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> lhe favorecer<br />

que o homem reconhece, neste ato, algo que gostaria que sempre lhe fosse feito, e a isso<br />

<strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong>, e não sen<strong>do</strong> prejudica<strong>do</strong>, e receben<strong>do</strong> o tratamento que julga <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>,<br />

chama a isso <strong>de</strong> justiça.<br />

Mas o elemento <strong>de</strong>cisivo <strong>de</strong>sse progresso, nesse ponto da educação <strong>do</strong><br />

Emílio, é a <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> outro, a expansão, a abertura <strong>de</strong> si para com seu<br />

semelhante pela pieda<strong>de</strong> e amiza<strong>de</strong>, que faz <strong>do</strong> interesse <strong>do</strong> outro, expansão<br />

<strong>do</strong> nosso interesse pessoal. O amor <strong>de</strong> si permanece sempre na raiz <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />

o nosso <strong>de</strong>senvolvimento. Meu próximo só po<strong>de</strong> ser ama<strong>do</strong> como a mim<br />

mesmo se for, por pouco que seja, eu mesmo. Assim, o sentimento <strong>de</strong><br />

justiça se manifesta primeiro negativamente sob forma <strong>de</strong> injustiça sofrida,<br />

e somente mais tar<strong>de</strong> Emílio <strong>de</strong>scobrirá a reciprocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> direito<br />

(MARQUES, 2007, p. 55).<br />

Amo o meu próximo quan<strong>do</strong> consigo me colocar no lugar <strong>de</strong>le, quan<strong>do</strong> consigo<br />

“ser ele”. Comportamentos egoístas não condizem com as características <strong>do</strong> homem que<br />

expressa o amor <strong>de</strong> si, pois este <strong>de</strong>ve ter o bem comum como única preocupação. Não <strong>de</strong>ve ter<br />

vícios como o orgulho, ambição, o espírito <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação, a malda<strong>de</strong>, e o amor-próprio. Para<br />

o homem não <strong>de</strong>preciar-se moralmente, <strong>de</strong>ve haver o resgate <strong>do</strong> amor <strong>de</strong> si. “Se não há nada

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