30.10.2014 Views

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

22<br />

paixões 15 inatas ao homem que serão aqui analisadas: a liberda<strong>de</strong>; perfectibilida<strong>de</strong>; pieda<strong>de</strong>,<br />

amor <strong>de</strong> si e a razão, serão <strong>do</strong>ravante abordadas:<br />

Além das duas características específicas <strong>do</strong> homem - a liberda<strong>de</strong> e a<br />

perfectibilida<strong>de</strong> –, há <strong>do</strong>is princípios naturais que o homem compartilha<br />

com os animais: o amor-<strong>de</strong>-si, instinto pelo qual to<strong>do</strong> animal é leva<strong>do</strong> a<br />

cuidar da própria conservação; e a pieda<strong>de</strong> ou comiseração, pela qual to<strong>do</strong><br />

animal tem repugnância natural em ver perecer ou sofrer qualquer ser<br />

sensível (ROUSSEAU, 1983, ver p. 243).<br />

A perfectibilida<strong>de</strong> e a liberda<strong>de</strong> são características peculiares à condição humana.<br />

Somente o homem po<strong>de</strong> tê-las, sen<strong>do</strong> que nenhum outro animal po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>senvolvê-las. No<br />

entanto, como o tema da liberda<strong>de</strong> inata ao ser humano foi analisa<strong>do</strong> no item anterior,<br />

<strong>de</strong>snecessário se faz analisá-lo novamente, por este motivo passar-se-á diretamente a análise<br />

da perfectibilida<strong>de</strong>, e na seqüência serão analisadas as <strong>de</strong>mais paixões mencionadas.<br />

1.1.1 Perfectibilida<strong>de</strong><br />

O homem ten<strong>de</strong> a perfeição, é isso o que Rousseau quer dizer com a<br />

perfectibilida<strong>de</strong>. O homem aperfeiçoa-se, ao passo que os animais possuem um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

potencial estabeleci<strong>do</strong>, que com pouco tempo é alcança<strong>do</strong> e mantém-se inalterável, enquanto<br />

que no homem há a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> contínuo aperfeiçoamento, sem limites preestabeleci<strong>do</strong>s.<br />

Para Rousseau, esse aperfeiçoamento é realiza<strong>do</strong> pela razão, mas é motiva<strong>do</strong> pelas paixões,<br />

pois é através das paixões que nasce o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conhecer.<br />

A faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoar-se, faculda<strong>de</strong> que, com o auxílio das circunstâncias<br />

<strong>de</strong>senvolve sucessivamente todas as outras e se encontra, entre nós, tanto na espécie<br />

quanto no indivíduo, o animal, ao contrário, ao fim <strong>de</strong> alguns meses, é o que será<br />

por toda a vida, e sua espécie no fim <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> anos, o que era no primeiro<br />

<strong>de</strong>sses milhares (ROUSSEAU, 1983, p. 243).<br />

15 “Nossas paixões são o principal instrumento <strong>de</strong> nossa conservação; portanto, é uma tentativa tão vã quanto<br />

ridícula querer <strong>de</strong>struí-las; é governar a natureza, é reformar a obra <strong>de</strong> Deus. Se eu dissesse ao homem para<br />

<strong>de</strong>struir as paixões que lhe dá, Deus quereria e não quereria; estaria se contradizen<strong>do</strong>. Ele nunca <strong>de</strong>u essa or<strong>de</strong>m<br />

insensata, nada <strong>de</strong> semelhante está escrito no coração <strong>do</strong> humano, e o que Deus quer que um homem faça ele não<br />

manda outro homem dizer, ele próprio o diz e o escreve no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu coração. Ora, eu acharia aquele que<br />

quisesse impedir que as paixões nascessem quase tão louco quanto quem quisesse <strong>de</strong>struí-las, e aqueles que<br />

acreditam que tenha si<strong>do</strong> esse o meu plano até aqui com certeza enten<strong>de</strong>ram-me muito mal” (ROUSSEAU,<br />

2004, p. 287).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!