30.10.2014 Views

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

60<br />

Rousseau inova o pensamento político <strong>de</strong> seu tempo com a transferência <strong>do</strong><br />

exercício da soberania para o povo, sen<strong>do</strong> que o magistra<strong>do</strong>, seja ele um Príncipe ou não,<br />

ocupa uma posição <strong>de</strong> comissário, apenas executa as or<strong>de</strong>ns dadas pelo soberano. Surge, no<br />

entanto, uma questão: Teria Rousseau <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> sua teoria <strong>do</strong> direito político<br />

fundamenta<strong>do</strong> no po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> povo <strong>de</strong> voto e exercício da soberania, para algum Esta<strong>do</strong><br />

específico? Há muito que essa questão foi levantada, sen<strong>do</strong> que surgiu a interpretação <strong>de</strong> que<br />

a teoria foi <strong>de</strong>senvolvida para ser aplicada a Genebra. No entanto, na atualida<strong>de</strong> essa<br />

interpretação <strong>de</strong> que o Do Contrato Social teve como mo<strong>de</strong>lo a Constituição <strong>de</strong> Genebra 46 ,<br />

não prevalece. A teoria <strong>do</strong> Contrato enuncia, a seu mo<strong>do</strong>, a forma i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> bem<br />

constituída. É uma teoria vazia, apta a ser medida para qualquer forma <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>-se, sem dúvida, assinalar algumas aproximações entre a constituição<br />

<strong>de</strong> Genebra e O Contrato Social, mas sustentar que um serviu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo ao<br />

outro em uma visão simplista, que os adversários <strong>de</strong> Rousseau se apressam<br />

em a<strong>do</strong>tar com a intenção manifesta <strong>de</strong> diminuir, com isso, o alcance <strong>de</strong> sua<br />

obra política... Assim, escreven<strong>do</strong> o Contrato Social, Rousseau teria,<br />

segun<strong>do</strong> seu próprio testemunho, pensan<strong>do</strong> apenas em sua pátria, e é na<br />

constituição <strong>de</strong> Genebra que seria preciso buscar a fonte <strong>de</strong> seus princípios<br />

políticos. Essa tese que teve autorida<strong>de</strong> durante muito tempo, não resiste a<br />

um exame sério e <strong>de</strong>ve ser regulada junto às legendas que ainda atravancam<br />

a história <strong>do</strong> rousseauísmo (DERATHÉ, p. 33).<br />

A fim <strong>de</strong> encerrar essa parte introdutória a respeito <strong>do</strong> pensamento político <strong>de</strong><br />

Rousseau, é importante frisar o amor à pátria. Quan<strong>do</strong> Rousseau aborda o tema <strong>do</strong> cidadão é<br />

sempre com relação à pátria. A pátria funciona como um elo que faz com o que o cidadão<br />

encontre um bem comum com seus semelhantes, <strong>do</strong> qual queira cuidar, o que faz com que se<br />

sinta parte <strong>de</strong> um to<strong>do</strong> maior que ele. No entanto, esse amor à pátria <strong>de</strong>ve ser ensina<strong>do</strong>. O<br />

cidadão é aquele que pensa primeiramente no bem <strong>de</strong> sua pátria.<br />

Não é suficiente dizer aos cidadãos que sejam bons, é preciso ensiná-los a<br />

ser; e o próprio exemplo, que neste senti<strong>do</strong> é a primeira lição, não é o único<br />

meio que se <strong>de</strong>ve empregar – o amor à pátria é o mais eficaz; porque, como<br />

já disse, to<strong>do</strong> o homem é virtuoso, quan<strong>do</strong> sua vonta<strong>de</strong> particular está em<br />

46 “Apesar <strong>do</strong> que tenha dito, Rousseau jamais acreditou que a aplicação <strong>de</strong> seus princípios <strong>de</strong>vesse limitar-se a<br />

Genebra, nem mesmo aos pequenos Esta<strong>do</strong>s. Pois, se assim acreditasse, como po<strong>de</strong>ria ter escrito as<br />

Consi<strong>de</strong>rações sobre o Governo da Polônia? Na verda<strong>de</strong>, o Contrato Social é a seus olhos, um livro universal,<br />

um livro para to<strong>do</strong>s os tempos” (DERATHE, 2009, p. 35) e segue ainda Derathè: “Se o Contrato Social teve na<br />

política e nas polêmicas genebrinas um papel <strong>de</strong> primeiro plano, ele não é, contu<strong>do</strong> um livro <strong>de</strong> inspiração<br />

genebrina. Rousseau o compôs sem reconhecer seriamente as disposições da constituição <strong>de</strong> Genebra, e quan<strong>do</strong><br />

as circunstâncias o levaram a estudá-la <strong>de</strong> perto, ele po<strong>de</strong> constatar até que ponto se distanciava <strong>de</strong> seus<br />

princípios, já que finalmente ele pediu sua revisão” (DERATHE. p. 49)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!