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jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

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esta<strong>do</strong> natural quanto no social, <strong>de</strong>monstra que para Rousseau ainda é possível restabelecer<br />

virtu<strong>de</strong>s presentes há muito tempo na natureza humana, embora ocultadas pela socieda<strong>de</strong>.<br />

Ocorre que esse sentimento que possibilita a vida em socieda<strong>de</strong>, enfraquece-se justamente no<br />

esta<strong>do</strong> social, on<strong>de</strong> as relações humanas são mais próximas, e on<strong>de</strong> toda sua potencialida<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>senvolvida. Esse enfraquecimento da pieda<strong>de</strong> no esta<strong>do</strong> civil se apresenta como<br />

um para<strong>do</strong>xo é o que sugere Garcia:<br />

No entanto, embora as capacida<strong>de</strong>s específicas sejam <strong>de</strong>cisivas para<br />

<strong>de</strong>screver o que veio a ser o homem, há um outro da<strong>do</strong> constitutivo<br />

essencial a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>: a pitié – paixão inata, cujo exame indispensável<br />

para articular a crítica da representação e a crítica político moral da<br />

socieda<strong>de</strong>. Essa é a paixão referência para todas as outras: a única que<br />

nunca aban<strong>do</strong>na o homem. Embora necessite <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> social para se<br />

exercer plenamente, ela não é seu produto. Mais que isso: se a pitié, no<br />

limite é impensável na ausência <strong>do</strong> “Outro”, então é igualmente impensável<br />

subtraí-la a toda a forma <strong>de</strong> representação (GARCIA, 1999, p. 193).<br />

O para<strong>do</strong>xo da pieda<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que ela está presente no esta<strong>do</strong> natural <strong>de</strong><br />

forma viva, nesse esta<strong>do</strong> ela ocupa o lugar das leis, <strong>do</strong>s costumes e da virtu<strong>de</strong>, mas ali não se<br />

<strong>de</strong>senvolve plenamente, porque as relações humanas são escassas. Já no esta<strong>do</strong> social, as<br />

relações humanas são constantes. O homem social está próximo <strong>de</strong> seu semelhante, as<br />

relações humanas são inerentes a esse esta<strong>do</strong>, e é somente em socieda<strong>de</strong> que a pieda<strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>senvolve plenamente. A pieda<strong>de</strong> necessita <strong>do</strong> outro, porque é o <strong>de</strong>sejo que o outro não<br />

sofra, e visa à manutenção <strong>de</strong> toda a espécie. É um sentimento inato e irrefleti<strong>do</strong>: “a pieda<strong>de</strong><br />

representa um sentimento natural que, mo<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> em cada indivíduo a ação <strong>do</strong> amor <strong>de</strong> si<br />

mesmo, concorre para a conservação mútua <strong>de</strong> toda a espécie” (ROUSSEAU, 1983, p. 254).<br />

A pieda<strong>de</strong> é o nexo fundamental das virtu<strong>de</strong>s humanas, e funciona como um elo<br />

entre a natureza artificial humana, e sua verda<strong>de</strong>ira natureza. É um resgate <strong>de</strong> si que o homem<br />

possível ao homem através da pieda<strong>de</strong>. É “o liame vital que mantém o gran<strong>de</strong> ser uno,<br />

coerente e vivo, indubitavelmente resi<strong>de</strong> na trama <strong>de</strong> consciências que se traça entre as suas<br />

partes constitutivas essenciais, mas que tem sua expressão superior na consciência <strong>do</strong> to<strong>do</strong>”<br />

(MACHADO, 1981, p. 141).

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